O Brasil ainda é um dos campeões de desigualdade de renda, mas os pobres estão ascendendo numa velocidade inédita e nossa elite vem ganhando uma proporção única na história. “Parece incrível, dado o nosso histórico, mas, aos poucos, estamos diminuindo o número de pobres e aumentando o número de ricos”, constata o economista Ricardo Paes de Barros, uma das maiores autoridades do país em estatutos de desigualdade.
Durante o período estudado pela FGV, de 2003 a 2009, quase 7 milhões de brasileiros romperam a fronteira da alta renda, aumentando para 20 milhões de pessoas a alta elite do país. A melhor notícia, porém, diz respeito ao futuro: a projeção é que as classes mais ricas continuem crescendo mas rapidamente nos próximos anos. Em 2014, elas incluirão 31 milhões de pessoas, 50% mais que hoje – o prognóstico leva em conta a escolaridade de pais e filhos e o acesso a internet, entre outros indicadores que apontam a capacidade da geração de renda futura da família. Embora ninguém arrisque projeções mais à frente, as apostas são que o número de pessoas nas classes mais elevadas continue crescendo aos milhões nas próximas décadas.
O que todos esses números significam? Para o país, uma oportunidade única de virar uma página e relançar as bases do nosso capitalismo. Os limites das classes estão sendo cada vez mais redefinidos, e as oportunidades de ascensão nunca foram tão marcantes. Quase metade das pessoas hoje classificadas nas classes A e B – ou seja, com renda familiar mensal superior a 6.941 reais, segundo critério da Fundação Getulio Vargas – é da primeira geração a pertencer a esses extratos. A constatação é de um estudo do instituto de pesquisas Data popular. “Boa parte desses consumidores tem bolso de classe A e cabeça de classe média, afirma Renato Meirelles, sócio do instituto. “São pessoas que pesquisam preços antes de comprar e tomam decisões baseadas no custo-benefício.”
Por isso, decifrar o que quer esse batalhão de consumidores é hoje um dos desafios para inúmeras empresas, que enxergam o processo de ascensão social como uma janela de oportunidade a ser aproveitada. As empresas devem esquecer os estereótipos mantidos até hoje, pois eles já não servem para entender a nova pirâmide social.
Atualmente, as classes A e B são responsáveis por um consumo anual equivalente a 930 milhões de reais em produtos e serviços, 40% do total projetado de 2.5 trilhões de reais para o país como um todo pela IOC Editora. O crescimento da alta renda nos últimos anos já se fez sentir nas vendas de todos os setores – do iate ao cafezinho.
A escala maior de consumidores de produtos Premium também alcança bens que custam pouco em termos absolutos, mas não cabem no orçamento regular dos brasileiros de baixa renda. O país hoje está no radar de empresas dos mais diferentes setores. Com isso, vem diminuindo rapidamente o tempo de chegada ao Brasil dos produtos lançados globalmente.
Fonte: Popai Brasil
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