Com a renda mensal crescendo apenas de 2,7%, metade dos 6,6% visto em 2012, os consumidores mostram maior ímpeto pela redução dos gastos.
Nem mesmo o comércio eletrônico, que vinha registrando crescimento robusto nos últimos meses, deve escapar da queda de intenção de compra do consumidor. Assim, a expectativa de expansão do e-commerce de até 20% neste ano pode ser revista para baixo se as vendas não se recuperarem no segundo trimestre.
“O primeiro trimestre foi abaixo do esperado. O crescimento ficou próximo a 13%. A primeira impressão é de uma recuperação ao longo do ano”, diz o diretor geral da consultoria e-bit, Pedro Guasti. O especialista explicou, ao divulgar o balanço semestral, que, se não houver recuperação no segundo trimestre o e-bit pode rever a perspectiva para este ano. “Não é alarmante, mas se não se recuperar podemos rever o incremento do setor abaixo de 20%. Esse indicador pode ficar entre 15% e 18%”.
Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar) apontou ontem que a intenção de compra pela internet passou de 94,7% no primeiro trimestre para 92,8%. Mesmo sendo um canal em que a política de precificação é mais agressiva e envolve promoções, o consumidor parece estar menos disposto a fazer dívidas, e mais propenso a guardar dinheiro. “Ele usa o e-commerce para comparar preço e só compra quando é vantajoso”, concluiu Guasti.
Loja física
O cenário pouco promissor tem afetado as lojas físicas. Segundo o Provar, o segundo semestre será pior “Na comparação entre os segundos semestres do ano, o de agora será o pior desde 2004”, disse o presidente do Ibevar, Claudio Felisoni de Angelo.
Conforme o instituto, o indicador que mede a intenção de gasto no segundo trimestre apresentou queda de três pontos percentuais, na comparação com o primeiro trimestre, ao atingir 46,6%. Se a comparação for anual a queda foi de seis pontos percentuais. “Isso mostra que o consumidor está mais contido e preocupado com o futuro.”
Para este primeiro trimestre, as projeções também não são promissoras. “A estimativa é de queda de 1,5% nas vendas no varejo ampliado”, sinalizou Felisoni. E completou: “2015 não será o ano do consumo”.
Pessimismo
Os indicadores negativos mostram a apreensão do brasileiro em relação ao futuro. Mas isso não deve ser motivo para a retirada de investimentos no setor varejista. “Nos Estados Unidos e na Europa, 10% da população são ricos e absorvem 25% do consumo. No Brasil, a mesma porcentagem consome 45%, ou seja, há muito espaço para o crescimento do consumo. Ele só precisa ser sustentável”, explicou Felisoni.
Outro termômetro do setor é o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) de março: 8,1% menor do que o apurado no mesmo período de 2014, que mostra como a percepção da manutenção do emprego tem preocupado os consumidores. “Eles estão mais receosos em perder o emprego. Com isso tentam poupar mais, mesmo com o bolso mais apertado”, disse. Conforme Felisoni houve uma queda de 6,1% na sobra salarial após o pagamento das despesas. “Mesmo sobrando pouco, eles [os consumidores] poupam e mostram amadurecimento.”
Por: DCI
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