Os filhos da classe C estão decidindo as compras da família. Cheios de informação e de direitos, argumentam e convencem. Saiba como criar uma relação duradoura com eles e os pais.
Antes, eles pouco participavam das decisões. Hoje, argumentam, comovem e convencem. Os pequenos tiranos, sobretudo da crescente classe média, nunca tiveram tanta influência sobre os pais e sobre o consumo da família. “Quando desejam alguma coisa, usam o raciocínio dos mais velhos: falam em economia, qualidade, durabilidade e até saúde”, comenta Renato Meirelles, diretor do instituto de pesquisa Data Popular. Os pais, por sua vez, sentem dificuldade em dizer “não”, principalmente se os filhos têm bom desempenho escolar e ajudam nas tarefas domésticas. Segundo Meirelles, para as classes C/D/E, a educação é o meio mais seguro de subir na vida e, por isso, as crianças tornam-se prioridade no orçamento familiar. “Para os pais, o benefício (um futuro bom para os filhos) tem maior peso nas decisões do que o custo (despesas envolvendo as crianças)”, afirma o especialista. O aumento do poder dos pequenos não é uma característica exclusiva da classe média brasileira. Segundo estudo da Organização Pan-Americana de Saúde e da Fundação W.K. Kellogs, as crianças decidem o que comprar cada vez mais cedo e mudam hábitos familiares. Na visão dos especialistas, muitos são os fatores responsáveis por essa mudança. Entre eles, a transformação da estrutura familiar, já que atenno passado os pais mandavam e as crianças obedeciam e hoje essa hierarquia se tornou mais maleável. Somam- se ao fenômeno o acesso das crianças a mais informação por meio de televisão, internet e celular e o aumento do nível educacional. “Hoje, os pequenos são socializados cedo, têm de se posicionar frente a um grupo maior de pessoas e, por isso, apresentam um forte poder de argumentação”, diz Ione Almeida, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
“Na hora de acompanhar a família ao supermercado, defendem produtos e marcas preferidas e rejeitam o que não gostam. Sua opinião é ainda mais convincente quando se trata de alimento, porque as mães priorizam uma boa alimentação para os filhos”, acrescenta a professora. Os pequenos também fazem a ponte entre a tecnologia e seus pais, sendo responsáveis pela insistência na compra de computadores e celulares. Na classe C, 36% das crianças já possuem o próprio celular, em muitos casos, com acesso à internet. O que se percebe é que as crianças e adolescentes estão ficando adultos mais cedo ou, pelo menos, assimilando hábitos de consumo precocemente. “Entre as crianças da classe C essa certeza é ainda maior”, declara Meirelles, do Data Popular. Elas tornam-se compradoras em supermercados, porque as mães delegam essa tarefa a elas. Fazendo pequenas transações comerciais, as crianças aprendem o que é mais caro e mais barato, além de prestar atenção ao que é possível comprar com o dinheiro que recebem em troca do bom desempenho escolar.
Esse e outros comportamentos de filhos e mães da classe C merecem sua atenção e um plano para a loja.
Crie laços com as mães, por exemplo. Ajude-as a ensinar os filhos a economizar. Aproveite as campanhas de promoção e os dias de desconto em hortifrútis ou açougue, para transmitir mensagens oportunas. Pense em algo como: “Ensine seu filho a gastar menos. Lembre que tem dia certo para comprar carne.” Ofereça palestras aos sábados ou à noite sobre temas que são alvo de sua preocupação: a dificuldade de dizer ‘não’ aos filhos ou como oferecer uma alimentação saudável. Também sensibilize as mães na questão educação: indique professores particulares, ou organize uma visita das crianças à biblioteca mais próxima. Leve ao passeio aquelas que apresentarem um determinado tíquete. Envolva também os filhos. Conquiste a criançada promovendo visitas a cada setor da loja e mostrando que todo o trabalho requer muito esforço e exige muitas despesas. Ofereça brindes.
Mobilize a criançada também com palestras sobre a importância de lavar frutas e ofereça degustação de várias versões para estimular o consumo. Lance ainda a promoção “A guloseima de que mais gosto”. Cada criança deposita em urna uma frase sobre a guloseima preferida. As melhores frases são premiadas com o produto e expostas no mural. Crie também a promoção “Raspe o prato e ganhe…”. A mãe deposita na urna o cardápio do filho no almoço. Uma nutricionista avalia a melhor refeição, e mãe e filhos ganham um almoço num restaurante.
COMO SEDUZIR
Veja ações que podem tornar sua loja prioridade nas compras.
MÃES
- Campanha “Crianças na biblioteca”
- Campanha “Ensinando seu filho a economizar”
- Mural com professores particulares
- Palestra “Alimentação e saúde”
FILHOS
- Computadores e jogos eletrônicos em setores onde a criança circula
- Visitas monitoradas às áreas da loja
- Promoção “A guloseima de que mais gosto é…”
- Promoção “Raspe o prato e ganhe…”
Se os pequenos transformaram-se em adoráveis ditadores, sua loja precisa se transformar em adorável fonte de produtos e de relacionamento.
Fonte: Supermercado Moderno
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