Em média, 35% da renda mensal do consumidor é utilizada na compra de produtos luxuosos. E mais: 68% dos consumidores pertencem à classe C.
Não existe mais um conceito único de luxo, e ele muda de acordo com a classe social dos brasileiros. A nova concepção associa o luxo ao que é possível e acessível para as pessoas. É o que mostra o estudo inédito realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal Meu Bolso Feliz, que mapeou o significado do luxo para os brasileiros das classes A, B e C.
Segundo os dados, em média 35% da renda mensal dos consumidores é utilizada para serviços ou produtos que consideram de luxo. Em um ano, isso totaliza cerca de R$ 18 mil em gastos por ano – o percentual aumenta expressivamente entre a classe C (44% da renda mensal, 12 mil de gastos por ano) se comparada com as classes A e B (19% da renda mensal e 40 mil de gastos por ano; e 36% da renda mensal e 29 mil de gastos por ano, respectivamente). Foi identificado que 68% dos consumidores desse mercado pertencem à classe C.
Luxo possível
Ao mesmo tempo em que a pesquisa procurou identificar quais são os produtos mais frequentemente associados ao luxo, também investigou aqueles que são os itens mais consumidos, ou seja, o “luxo possível” na vida das pessoas. Considerando o luxo que os entrevistados permitem a si mesmos, os itens mais citados são viagens (22%), alimentação (19%), produtos de beleza e perfumaria (10%), moda (10%) e carros (7%).
De acordo com a pesquisa, 89% dos entrevistados já consumiram artigos que consideram de luxo pelo menos uma vez – 58 milhões de brasileiros em números absolutos. O perfil deste consumidor foi traçado na pesquisa: 68% pertencem à classe C, 63% têm entre 25 e 55 anos, e a maioria das pessoas toma conhecimento dos itens do mercado de luxo pela internet, mas prefere comprar em lojas convencionais de shopping centers.
Luxo é poder comprar o que tem vontade
A pesquisa também revela as diferenças no conceito do luxo para as diferentes classes sociais. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a princípio esse dado pode parecer estranho, mas é compreensível quando analisado a fundo o que as pessoas consideram ser uma vida de luxo. “Quando se fala especificamente em produtos de luxo, marcas famosas sempre foi vem à cabeça, independente da classe social, mas os dados da pesquisa comprovam que a concepção de luxo muda de acordo com as possibilidades financeiras.”
Os resultados sugerem que, para os pertencentes da classe A, o luxo tem mais a ver com a experiência proporcionada ao invés da compra apenas, ou seja, poder viajar sempre que quiser (63% na classe A contra 42% na classe C), passar o tempo ao lado de pessoas queridas (39% na classe A contra 30% na classe C), frequentar bons restaurantes e ter acesso a produtos e serviços de qualidade.
Ao mesmo tempo, uma perspectiva diferente é percebida entre os consumidores da classe C. Entre eles, a associação entre luxo e consumo sem restrição é mais forte, ou seja, luxo é poder comprar o que se quer, sem ter de fazer contas ou cortes no orçamento (52% na classe C contra 39% na classe A).
“A classe C ainda tem restrições no consumo, portanto, o luxo, que muitas vezes coincide com o imaginário de sonho, está justamente relacionado a ir além da restrição. A classe A, que vivencia menos a restrição de consumo, tem como desejo as experiências, principalmente aquelas relacionadas com lazer”, explica a economista.
36% não comprariam um produto de luxo se a marca não for visível
Quando analisada a importância dada pelos consumidores às marcas de produtos de luxo, oito em cada dez entrevistados (82%) fazem questão delas na hora de comprar. Os produtos mais impactados pela necessidade de pertencerem a marcas famosas e reconhecidas são os perfumes (44%), eletrônicos (37%), roupas (33%), calçados (29%) e automóveis (27%).
Considerando a visibilidade da marca no produto, observa-se que praticamente quatro em cada dez respondentes (37%) preferem que ela esteja visível, sobretudo entre os mais jovens (44%) e aqueles com baixa escolaridade (45%). 36% dos entrevistados não comprariam um produto de luxo se a marca não pudesse ser vista por outras pessoas.
A internet também é fundamental na exposição do consumo de luxo. Quando vão a restaurantes, bares e boates da moda, três em cada dez entrevistados (35%) afirmam gostar de compartilhar suas experiências nas redes sociais, seja por meio de fotos ou comentários. Esse comportamento é mais comum entre os mais jovens (43%), da Classe C (37%) e com menor escolaridade (42%).
Fonte: Redação O POVO Online
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