Em uma pesquisa com consumidores das classes C, D e E, famílias da classe média mostraram que têm menos controle sobre as próprias finanças do que as com menor renda. O estudo da consultoria Plano CDE constatou que pelo menos 50% da parcela da classe média analisada caminha entre a inadimplência e o pagamento “no sufoco” das obrigações financeiras.
A pesquisa construiu três perfis de relacionamento familiar: organizado (faz a gestão de ganhos e gastos e, quando consegue, poupa dinheiro), desorganizado (não sabe quanto ganha ou gasta e entra no vermelho regularmente) e orientado pela dívida (que destina tudo que ganha ao pagamento das contas e vive com a “corda no pescoço”). Enquanto, nas classes D e E, 71% encaixaram-se no perfil organizado, entre as famílias de classe média essa taxa fica abaixo dos 50%.
“Não podemos expandir o dado para o Brasil e dizer que metade da classe média, que reúne 98 milhões de pessoas – incluindo os 64 milhões de classe C – estão nessa condição”, admite Luciana Aguiar, sócia-diretora da Plano CDE. “Mas é possível dizer que há uma forte propensão a esse comportamento”, completa.
Na avaliação de Luciana, vários fatores contribuem para colocar a classe média nessa situação, além da oscilação da renda em si. A falta de instrumentos financeiros adequados é um deles. A classe média hoje recorre muito, por exemplo, ao cartão de crédito, como foi constatado na pesquisa. Alguns entrevistados tinham cinco, outros até dez cartões, que funcionavam como cheque especial.
Essa ineficiência também foi percebida em outras pesquisas. O SPC Brasil, empresa de cadastro de crédito, identificou no final do ano passado que 47% dos inadimplentes eram da classe C. “Na nossa avaliação, esse dado mostrou que a classe C não consegue se blindar com alternativas de crédito e rolagem de dívidas, como as classes A e B”, afirma Luiza Rodrigues, economista do SPC.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Leave A Comment