Estudo da Consumoteca, apresentado no CONAREC 2017, mostra que os Millennials não são iguais. Descubra quem é quem nessa geração.
Mimados, impacientes, digitais. As generalizações em torno da Geração Millennial se amplificam, e o mercado esquece que uma geração é formada por nuances que vão além da idade. Envolvem contextos, acessos e escolhas humanas – que por si só são únicas. Para desmistificar a visão do Millennial debatido em rodas de negócios, o antropólogo Michel Alcoforado, CEO da Consumoteca, conduziu estudo qualitativo em três capitais do País para entender quem é esse tal Millennial.
“Como antropólogo, a gente quer entender porque as pessoas são como elas são. Todo mundo tem uma teoria sobre Millennials. Estamos falando de geração que nada mais é do que um grupo de pessoas que convivem e que passam pelos mesmos processos históricos. Isso condiciona uma visão específica. Mas isso ocorre em todas as gerações”, afirmou durante apresentação no CONAREC 2017, que aconteceu nesta semana em São Paulo.
Falar sobre gerações, explicou, é como observar vagões de trem: aqueles que estão no mesmo vagão estão sob as mesmas condições de espaço e caminho, mas isso não significa que são iguais.
De geração em geração
Para exemplificar a visão de geração pelo contexto, Alcoforado lembrou as características gerais das gerações anteriores. Os Baby Boomers, por exemplo, representam a geração do pós-guerra. “O contexto os conduzia a querer basicamente liberdade. Eles vão romper com os padrões familiares e tudo em nome da liberdade”, disse.
A Geração X, por sua vez, representa o padrão clássico da ambição americana. Eram os anos dourados, do sonho americano de sucesso. “Para eles, você é aquilo que você tem”, disse. Os Millennials, nascidos a partir da década de 80, contudo, enxergam o propósito como o principal ponto da vida deles. “Essa geração é conectada com a internet, que acredita demais em si, gosta de expor e tem algo de hedonista – o prazer é o principal elemento na vida deles. Tudo tem de ser divertido”, afirmou.
Em linhas gerais, explicou, para essa geração nada faz sentido e há uma forte necessidade de pertencer. “Apesar de terem essa mesma estrutura, eles são muito diferentes”, disse. “A gente precisa saber disso porque não adianta olhar esse consumidor como massa em um mundo em que o importante é a diferença e a customização”, afirmou
Os 3 perfis
O estudo identificou três perfis básicos dessa geração que está mudando tudo. Confira.
1. O focado
Ele tem como mantra a qualidade de vida. Eles trazem um padrão de estilo de vida parecida com a Geração X e acreditam de verdade no “Work hard. Play hard”. “Ele acredita que precisa trabalhar muito desde que ele tenha um sofá maravilhoso quando chegar em casa. E isso leva a uma expectativa diferente”, afirmou o antropólogo.
Aqui o sucesso profissional é o que conta. Segundo o estudo, 41% dos “focados” acreditam que o salário deles vai dobrar em cinco anos e 58% acreditam que vão crescer e ter sucesso nos próximos anos dentro da área de atuação. “Eles acreditam que sofrem agora, mas que o beneficio vai chegar”, disse.
Neste perfil, o consumo é uma retribuição do esforço no trabalho. É o perfil que gosta de ostentar nas redes sociais as viagens que faz, os restaurantes e os lugares que frequenta. No trabalho, ele pensa que é dono – é o grande representante do intraempreendedorismo.
2. O equilibrado
Para eles, o caminho é mais importante do que chegar. “O grande objetivo da vida desse cara é a busca por propósito e trabalho tem de levar seu estilo de vida em consideração”, afirmou. Esse é o perfil que busca equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho – essa busca representa 54% dos “equilibrados”. É também a geração da vida saudável. “O principal objetivo é ter uma vida estável e segura, que representa uma renda mensal que dá conta dos gastos. Mais ganhos além disso para ele não importa”, afirmou.
O equilibrado busca a profissão dos sonhos e continuam estudando para garantir a estabilidade de vida deles. É o perfil mais propenso a largar o emprego para empreender a fim de realizar seu propósito de vida. É o perfil que busca experiência em tudo o que faz.
3. O Altruísta
Para o Millennial altruísta o que importa é o mundo. É o perfil que abdica da própria vida em prol de uma causa. “O objetivo dele é deixar uma marca no mundo e se não for assim não serve para ele”, afirmou Alcoforado. A busca desse jovem é criar impacto no mundo, segundo 40% dos jovens desse perfil. Aqui, o ativismo é muito importante. Para eles, trabalho tem de ser a realização. De acordo com o estudo, 64% dos altruístas desejam ter uma vida segura e estável.
Por Camila Mendonça, Conarec
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