Principal componente da demanda do Produto Interno Bruto (PIB), o consumo das famílias deve crescer 3,9% em 2018, perante um ano antes, apoiado sobre uma maior massa salarial (renda do trabalho e de outras fontes), de acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Pelas contas da entidade, o consumo das famílias vai crescer, pelo menos, nos próximos cinco trimestres. No quarto trimestre de 2017, a alta projetada é de 0,8% frente aos três meses anteriores. Em 2018, os gastos das famílias vão crescer no primeiro trimestre (1,1%), no segundo trimestre (0,6%), no terceiro trimestre (1,4%) e no quatro trimestre (0,5%), sempre na série com ajuste sazonal.
Bruto Ottoni, economista do Ibre/FGV, diz que as previsões para o consumo das famílias foram realizadas a partir do indicador de massa salarial ampliada (MSA), desenvolvido com o objetivo de aprimorar as projeções do instituto, além de outros indicadores. A massa salarial ampliada considera a renda real efetiva do trabalho (como 13º, férias), benefícios assistenciais e previdenciários.
De acordo com o instituto, a massa salarial ampliada real somava R$ 262 bilhões ao fim de julho deste ano. Esse bolo de recursos deverá chegar a R$ 299,3 bilhões ao fim deste ano e R$ 310 bilhões em dezembro de 2018. Nas contas do Ibre/FGV, a massa de rendimento do trabalho vai responder pela maior parcela desse crescimento da massa salarial ampliada nos próximos meses.
“A massa de rendimentos do trabalho vai crescer muito no ano que vem justamente por causa do efeito composição [aumento do número de pessoas empregadas]. Mais precisamente a renda média, que cresceu muito em 2017, não irá crescer fortemente em 2018. Por outro lado, a população ocupada, que ficou praticamente estagnada em 2017, deve crescer bastante no ano que vem de 2018”, diz o economista.
Nas projeções do Ibre/FGV, a renda real efetiva média deverá crescer 2,3% em 2017, enquanto a população empregada (ocupada) deve crescer 0,2%. Já no ano que vem, a renda real efetiva média deve crescer 1,5%, enquanto a população ocupada (empregada) deve aumentar em 1,6%.
Ottoni acrescenta que o MSA/Ibre tem como objetivo obter resultados de rendimentos que melhor reflitam as mudanças ocorridas nas últimas décadas, marcadas por ampliação da concessão de benefícios sociais e de sua participação nos rendimentos médios das famílias. “A massa de rendimento do trabalho representava 76% da massa salarial ampliada em 2004. Em 2016, essa participação caiu para 74%”, disse.
Por: Valor
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