Estudo encomendado pela Luminate ainda revela que 16% dos brasileiros pagam por pelo menos uma assinatura de notícias digitais ou serviço.
Com a pandemia da Covid-19, os brasileiros estão se informando mais pelos meios digitais. De acordo com uma pesquisa conduzida pela Provokers, encomendada pela Luminate, organização filantrópica global, 65% dos leitores de veículos digitais no Brasil aumentaram o consumo de notícias. O levantamento ainda revela que 92% desses leitores acessam notícias por meios digitais ao menos duas vezes por semana; 83% diz acessar notícias ao menos uma vez ao dia.
O estudo, que entrevistou 8.570 pessoas de 18 a 65 anos, entre homens e mulheres, na Argentina, Brasil, Colômbia e México, também revela que as plataformas digitais correspondem a 59% de todo o conteúdo de notícias consumido no Brasil, destacando o crescente domínio das plataformas digitais como fontes primárias de notícias e informações.
Outro ponto indicado pela pesquisa foi que os brasileiros estão dispostos a pagar por conteúdo de notícias digital, visto que 16% já pagam por pelo menos uma assinatura de notícias ou serviço. Apesar de um número modesto, ele mostra que a disposição por pagar por notícias digitais no Brasil é maior do que em outros lugares do mundo que possuem esse mercado mais estabelecido, como Reino Unido (8%) e Alemanha (10%), ficando atrás dos Estados Unidos (20%). Além de pagar pelas notícias, o estudo mostra que 26% dos consumidores no Brasil estão dispostos a fazer doações voluntárias a veículos digitais.
Segundo Rafael Georges, representante da Luminate no Brasil, esse dado foi o mais surpreendente do levantamento. “Nos pareceu surpreendente e encorajador que a parcela de consumidores que paga por notícias é comparativamente alta no Brasil. Isso é especialmente interessante, considerando o mercado brasileiro começou a experimentar com modelos de assinatura posteriormente aos Estados Unidos e a países Europeus, cujos níveis de subscrição são menores”.
O estudo ainda apontou uma série de fatores-chave que influenciam nas decisões dos consumidores de pagar por uma assinatura ou serviço de notícias digitais. Entre eles, os principais indicados pelos consumidores são: capacidade de fornecer conteúdo de alta qualidade (34%), seguido pela credibilidade do veículo como fonte de informações sérias e confiáveis (31%). Além desses fatores, a metodologia MaxDiff, na qual os participantes escolhem o mais importante e o menos importante de uma lista de itens, descobriu que para todos os respondentes da pesquisa, incluindo aqueles que atualmente não estão pagando pelas notícias, a independência do veículo em relação a interesses políticos ou outros interesses velados também foi importante.
“A pandemia evidenciou ainda mais a importância do bom jornalismo como fonte de informação. De maneira mais ampla, trabalhamos com a hipótese de que o valor dado a uma imprensa livre e à informação de qualidade tende a aumentar em tempos de pandemia, de aumento de ataques de autoridades a jornalistas, e num contexto de ampla circulação de desinformação e fake news. O resultado disso é uma maior disposição em pagar por notícia”, explica Georges.
Apesar de uma alta nos usuários pagantes, o levantamento identificou dois empecilhos para os veículos de mídia em termos de atração de novos leitores pagantes. O primeiro deles é que a relevância do conteúdo deve ser fundamental, pois entre os respondentes que não pagam por notícias digitais, 90% afirmaram que não o fazem porque as informações não eram suficientemente relevantes ou não traziam diferenciais que justificassem um pagamento quando comparados a outras fontes de informação.
O segundo deles é o custo, visto que 90% disseram que simplesmente não estariam dispostos a pagar, especialmente se podem acessar notícias gratuitamente em outro lugar. A pesquisa ainda perguntou aos participantes quais seriam os preços ideais para se pagar por notícias digitais e descobriu que, para um em cada quatro respondentes, R$ 30 por mês é considerado um valor aceitável. Além disso, o levantamento revela que em média, o período de assinatura de um serviço de notícias digitais é mantido por pouco mais de dois anos (24,5 meses).
Este estudo é uma continuidade do trabalho iniciado com o relatório Inflection Point publicado pela Luminate e pela SembraMedia em 2017, que explorou a saúde da mídia digital na América Latina, e o lançamento do programa Velocidad em 2019, acelerador que fornece financiamento e consultoria para novas startups de jornalismo operando na América Latina.
Por: Meio & Mensagem
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