“Media Consumption Forecasts”, da ZenithOptimedia, foi realizado em 65 países.
Cresce o consumo de mídia no mundo, em boa medida fomentado pelo crescente uso da internet, que aumenta 11,8% em 2015, segundo o novo estudo “Media Consumption Forecasts” da ZenithOptimedia, realizado com base em tendências e dados em 65 países. Este ano, estima-se que as pessoas passem, em média, 492 minutos por dia consumindo mídia, 1,4% a mais que no ano passado. Ao longo dos últimos cinco anos, o tempo gasto por dia com a internet quase dobrou, indo de 59,6 minutos em 2010 para 109,5 minutos em 2014, sendo que o tempo dedicado às mídias tradicionais encolheu de 402,2 para 375,8 minutos.
A América Latina aparece no estudo como a região com a maior média de consumo de mídia no ano passado: 744 minutos por dia, bem acima da média global de 485 minutos. A região onde se passa menos tempo consumindo mídia é Ásia/Pacífico, com apenas 301 minutos por ano. Olhando para o futuro, a ZenithOptimedia prevê que o tempo dedicado ao consumo de mídia deve crescer em média 1,4% ao ano e chegar a um total de 506 minutos em 2017. Enquanto isso, o uso da internet aumentará sete vezes mais rápido, uma média de 9,8% ao ano, e chegará a 144,8 minutos diários, empurrando para cima o share da web no consumo geral de mídia de 22,6% em 2014 para 28,6% em 2017.
Enquanto isso, o consumo dos meios tradicionais, com exceção da mídia exterior, continuará caindo, como ocorre desde 2010. O tempo médio gasto na leitura de jornais caiu 25,6% desde 2010, bem como a leitura de revistas teve queda de 19%. O consumo de televisão, segundo o estudo, caiu 6% no mesmo período. O estudo, no entanto, não considera o acesso a esses mesmos meios via plataformas digitais como tablets – todos considerados “internet”, o que reflete o quanto ainda há desvios de interpretação em estudos sobre mídia no mundo, levando a erros.
Houve, por sinal, um protesto público após a divulgação desses dados, por parte da Newsworks, entidade de jornais britânica, uma vez que não foram consideradas no estudo as plataformas digitais dos jornais. Jonathan Barnard, diretor de Forecast da ZenithOptimedia, replicou afirmando que infelizmente não há dados confiáveis disponíveis sobre essas plataformas.
A TV, apesar da tendência de queda, mantém sua hegemonia globalmente, e foi alvo de 183,9 minutos diários de atenção por parte das pessoas no ano passado e um total de 37,9% da audiência, sendo que deve chegar a 2017 ainda representando 34,7% do tempo dedicado à mídia.
No caso da mídia exterior, entre 2010 e 2014 o tempo de exposição a ela aumentou 1,2% – ou seja, de 106 minutos para 107,2 minutos por dia. Esse ritmo de crescimento deve diminuir, passando para uma média de crescimento anual de apenas 0,2%. Há, segundo o estudo, diversos fatores em jogo determinando essas previsões, como o aumento do número de monitores em espaços públicos, a crescente migração para as cidades em mercados emergentes e a maior predisposição das pessoas para aproveitar seu tempo de lazer fora de casa, a partir da recuperação financeira pós-crise.
“O consumidor médio já passa metade do seu tempo consumindo mídia e, claramente, as pessoas ao redor do mundo estão ávidas por mais oportunidades de acesso a informação, entretenimento e se comunicar com as outras pessoas. As novas tecnologias estão proporcionando essas oportunidades”, analisa Barnard.
Segundo ele, a tecnologia também dá às marcas a oportunidade de se comunicar e aprender ainda mais com o consumidor. Ou seja: tudo indica que o consumo de mídia deve crescer ainda mais, multiplicando as oportunidades de relacionamento entre anunciantes e consumidores.
James McDonald, do Grupo Warc, destaca que o novo estudo da Zenith está alinhado com seus próprios levantamentos na América Latina, que apontam a região como a de mais rápido crescimento este ano nos investimentos publicitários, com anunciantes buscando capitalizar os hábitos hiperconectados dos consumidores brasileiros.
Fluxo natural
Cris Camargo, diretora-executiva do IAB Brasil, diz que é preciso compreender o contexto do crescimento apontado pelo estudo, pois, segundo ela, não há por trás das tendências de crescimento nada de outro mundo, além do fluxo natural de pessoas. “Vamos pensar que, em um ambiente chamado shopping, só exista uma loja de sapatos. O fluxo de pessoas nesse ambiente é de consumidores interessados nessa loja, fornecedores dessa loja, administradores, etc. Vamos agora expandir esse ambiente para que ele ofereça, além da loja de sapatos, um banco, um correio, uma loja de manutenção de casa, serviços diversos. Certamente o fluxo de pessoas nesse ambiente será muito maior”, exemplifica.
O ambiente da internet, se for considerado como um único “meio”, é ainda mais amplo. “Com o crescimento de serviços e conveniências dentro desse ambiente torna-se cada vez mais simples entender o crescimento de tempo gasto dentro desse ambiente chamado internet. Em um futuro próximo, acredito muito na ideia de que não saberemos mais distinguir se estaremos conectados ou não. Muitas pessoas, hoje em dia, não entendem que usar facebook ou WhatsApp significa ‘navegar na internet’ ou ‘estar na internet’. Assim como a energia, a internet será parte do nosso dia a dia, essencial para seguirmos nossas atividades”, observa, concordando que, assim como crescerá o volume de tempo gasto online, crescerão as oportunidades de publicidade nesse ambiente. Paola Zingman, CEO da Arabella, chama atenção para o crescimento exponencial da internet e da tecnologia através de devices e da própria TV conectada, ampliando consideravelmente a interação do consumidor com as marcas e plataformas digitais.
“O aumento do consumo de mídia demonstrado no estudo é simplesmente uma consequência da ampliação do número de contato das marcas com seus consumidores. Hoje em dia as possibilidades de contato são infinitamente maiores e permeiam quase que todo o tempo do consumidor. Aqui na Arabella, por exemplo, temos ações com alta taxa de engajamento em redes sociais logo no início da manhã – a partir de 6 horas – e também no fim de noite. Isso comprova que o consumidor está conectado grande parte do tempo em que está acordado e o celular é o grande protagonista dessa evolução, pois permite contato imediato nos primeiros minutos do dia e ao se deitar à noite”, diz Paola.
Por: Propmark
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