Percentual chegou a 17,9% em março, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio.
A proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso passou de 17,5% em fevereiro para 17,9% em março, mas ainda está abaixo dos 20,8% registrados no mesmo mês do ano passado. O endividamento das famílias também aumentou em março e chegou a 59,6% ante os 57,8% de fevereiro. O cartão de crédito foi apontado como um dos principais tipos de dívida por 73,4% das famílias endividadas, seguido por carnês (18,2%) e, em terceiro, por financiamento de carro (14,4%).
Os números fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quinta pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
No início do ano, as famílias têm obrigações extras como IPVA, IPTU, aumento da mensalidade escolar e acabam recorrendo ao crédito emergencial, como cartões de crédito e cheque especial, porque ficam com o orçamento apertado – diz a economista da CNC, Marianne Hanson, que lembra que o levantamento da CNC engloba o cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.
O endividamento das famílias subiu pelo segundo mês consecutivo, mas em relação ao mesmo mês do ano passado, quando o índice alcançou 61%, ainda é menor. No caso da inadimplência, embora tenha havido um suspiro de alta em março, o nível atual também está abaixo do patamar histórico do levantamento da CNC, que é de 21,8%.
Embora o percentual de pessoas com dívidas em atraso tenha crescido em março, ele está abaixo do nível do ano passado e do patamar histórico. Isso acontece porque o consumidor está mais cauteloso em tomar crédito pela incerteza em relação ao futuro do seu emprego e à situação da economia. Mas também porque os financiamentos estão mais caros e o consumidor está mais retraído – diz a economista.
Dados divulgados pelo Banco Central mostram que a inadimplência da pessoa física subiu para 5,4% em fevereiro em relação aos 5,3% de janeiro. Em fevereiro do ano passado, a inadimplência estava em 5,6%. Para o economista Rodrigo Baggi, da consultoria Tendências, surpreende o fato de a inadimplência mostrar estabilidade e ainda não refletir o cenário de deterioração da economia. Isso se explica, segundo ele, pela desaceleração das concessões de crédito que, na margem, recuaram 1% entre janeiro e fevereiro.
Há menos propensão ao consumo e à tomada de recursos. E os bancos estão mais seletivos em conceder crédito. O que vemos é a busca por linhas mais imediatas, como cheque especial e cartão de crédito, o que já é um efeito de perda de renda causado pela alta da inflação, e um indício de que a inadimplência vai subir este ano – diz o economista da Tendências.
A consultoria estima que a inadimplência da pessoa física de mais de 90 dias deve terminar o ano em 6,5% este ano dos 5,3% registrados em 2014. O economista Rodrigo Baggi observa que a inadimplência entre 15 e 90 dias já vem apresentando crescimento mais expressivo, e subiu meio ponto percentual entre dezembro de 2014 (4,9%) e fevereiro (5,4%).
Meio ponto percentual em dois meses é uma subida forte, o que deve se refeletir em breve nos atrasos com mais de 90 dias – diz ele.
Pela pesquisa da CNC, o número de famílias que se declararam muito endividadas passou de 9,7% em fevereiro, o menor patamar desde o início da série, em 2010, para 10,6%. Entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas diminuiu na comparação anual, passando de 30,9% para 29,7%.
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Entre os principais indicadores da pesquisa, o único que registrou queda nas comparações mensal e anual foi o de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas. O percentual de famílias nesta situação recuou para 6,2% ante 6,4% em fevereiro e 7,1% em março de 2014.
Porém, 20,7% afirmaram ter mais da metade de sua renda comprometida com pagamentos de dívidas – afirmou a economista, Marianne Hanson, da CNC.
Segundo ela, o crescimento mais moderado do crédito para as famílias e o perfil mais favorável de endividamento, concentrando-se em modalidades de risco mais baixo e prazos mais longos, como crédito imobiliário e consignado, melhoraram a percepção das famílias em relação ao seu endividamento.
Por: O Globo
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