Entre 2014 e 2018, 5,21 milhões de famílias brasileiras deverão deixar a classe C rumo à base da pirâmide social devido, principalmente, ao quadro desfavorável aos trabalhadores de baixa qualificação, revertendo a expansão da nova classe média ocorrida em anos recentes. A estimativa é da Tendências Consultoria, que não vê espaço para o consumo voltar a puxar o crescimento do PIB.
“A classe C voltará a ser destaque? Achamos que não no médio prazo”, diz o diretor de análise setorial e inteligência de mercado da Tendências, Adriano Pitoli, autor do estudo. O encolhimento da nova classe média reverteria o processo de mobilidade social que durou até recentemente. Entre 2006 e 2013, segundo o estudo, 3,87 milhões de famílias deixaram as classes D e E rumo à nova classe média na esteira do boom de consumo e renda.
Pitoli atribui o declínio da classe C não só ao agravamento do desemprego, mas também a uma mudança na dinâmica econômica. “O reajuste do salário mínimo e o impacto do Bolsa Família foram importantes, mas o principal fator foi a dinâmica econômica dos setores de serviços e consumo puxando o PIB. São setores que empregam mão de obra de menor qualificação”, explica. “Com a crise aguda, há setores sofrendo proporcionalmente mais que o PIB. A crise está afetando mais os trabalhadores de baixa qualificação.”
O desemprego é maior nessa faixa devido ao maior custo para demitir, recontratar e qualificar os trabalhadores mais preparados. No médio prazo, acredita Pitoli, não há espaço para o consumo de bens e serviços puxar a expansão do PIB, situação que perduraria até 2020. “Estamos assistindo ao fenômeno da ex-nova classe C”, diz.
Levantamento do Depec (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos) do Bradesco também aponta para encolhimento da classe C, ciclo que ainda deve piorar ao longo do próximo ano.
Com base em dados da Pnad Contínua, Ana Maria Bonomi Barufi, do Depec, calcula que 72 milhões de brasileiros eram parte das classes D e E no fim do primeiro trimestre deste ano. No fim de 2015, o número estimado era de 70,6 milhões. No fim de 2014, os segmentos D e E somavam 65,5 milhões de pessoas. “Mais do que nunca o sistema de proteção social vai ser relevante no País”, diz Ana Maria.
Por: Valor Econômico
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