Pesquisas sobre adolescentes e a internet costuma enfatizar os aspectos negativos dessa relação, chamando atenção para os riscos (cyberbulliyng, menos tempo para estudar etc). O estudo realizado por Patti Valkenburg, do Center for Research on Children, Adolescents and the Media, da University of Amsterdam, mostra uma perspectiva diferente. Segundo ela, a internet ajuda os adolescentes a construirem suas identidades, relacionamentos e sexualidade. A rede ajuda a criar auto-estima e funciona ao mesmo tempo como um espaço para treinamento de certas habilidades e para abordar assuntos íntimos, que a garotada tem vergonha de abordar em conversas “olho no olho”.
De acordo com a pesquisa de Valkenburg, duas habilidades sociais que os adolescentes desenvolvem são auto-apresentação (expor aspectos de si mesmo aos outros) e revelação (expor aspectos mais profundos de sua essência). Essas habilidades são tradicionalmente praticadas na convivência no mundo real, mas está migrando cada vez mais para o mundo online.
Cerca de 1/3 dos adolescentes pesquisados, especialmente os meninos, preferem as conversas pela internet quando os assuntos são íntimos (sexo, amor e outros que causam embaraço). Valkenburg defende a idéia de que a tecnologia pode encorajar os teens a compartilhar mais e com isso construir amizades mais fortes no mundo real.
A internet é importante para a exploração da sexualidade, diz Valkenburg, porque é também um espaço para o flerte e para a experimentação das identidades sexuais, o que é especialmente relevante para jovens gays e lésbicas.
A maior exposição e a abertura que a internet oferece para assuntos pessoais pode ter seu “lado negro”, admite a pesquisadora. O cyberbullying é um deles. “Como toda nova mídia, sempre há pânico, diz Valkenburg, mas para a maioria dos adolescentes [a internet] ainda é positiva, mas não quando é usada em excesso. Eles podem ter acesso fácil a tudo, mas há perigos na internet da mesma maneira que há na nossa vida cotidiana”.
Fonte: Crianças & Mídia
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