O Brasil está avançando a um ritmo acelerado e vive um de seus melhores momentos. O País cresceu, o nível de emprego subiu e milhares de pessoas saíram da linha da pobreza, passando para a classe C. Em São Paulo, por exemplo, 56,7% dos paulistanos estão mais seguros no emprego atual e 61,7% afirmam que estão ganhando mais do que no mesmo período do ano anterior, de acordo com o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF),apurado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).
Nesse cenário positivo, aumentaram o poder de consumo e a procura por crédito, produtos e serviços financeiros. É o que mostra o estudo da Serasa Experian, realizado com base nas consultas dos primeiros trimestres de 2008 a 2011, em 121 instituições financeiras, divididas em sete segmentos: banco comercial e múltiplo; bancos e financeiras de montadoras; bancos e financeiras com foco em empréstimos para pessoa física; bancos e financeiras com foco em empréstimos para pessoa jurídica; cartão de crédito; consórcio; financiamento de veículos e leasing.
O levantamento foi feito a partir do cruzamento das consultas efetuadas com os dados do Mosaic Brasil, plataforma da Serasa Experian para análise da população que avalia renda, geografia, demografia, padrões comportamentais e estilo de vida (veja tabela).
Do conjunto de perfis de consumidores, 18,3% pertencem ao grupo chamado Periferia Jovem, que representa 20,92% da população brasileira.o conjunto de perfis de consumidores, 18,3% pertencem ao grupo chamado Periferia Jovem, que representa 20,92% da população brasileira. Nos últimos quatro anos, essa foi a camada social mais consultada pelas empresas de financiamento de veículos e leasing (25,9%), companhias de cartões de crédito (25,6%), e bancos e financeiras com foco em empréstimos para pessoas físicas (21,3%). Os jovens também foi o segundo grupo mais consultado pelo segmento de consórcios, com 23,6%.
“A busca do jovem por crédito está relacionada à crescente formalização do mercado de trabalho no País, que beneficia principalmente as classes menos favorecidas. Com acesso ao crédito ele sai em busca do seu primeiro cartão de crédito para os gastos e os pagamentos do dia a dia e também para aquisição de um veículo usado ou novo, de financiamento direto ou consórcio”, afirma Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.
Com este resultado, o grupo Periferia Jovem ganhou 3,3 pontos porcentuais de participação no total de consultas efetuadas pelas empresas, entre 2008 e 2011, ao passo que o grupo de Aspirantes Sociais – que sempre se manteve na liderança – recuou em 5,4 pontos porcentuais.
“Em 2008 e 2009, esse era o principal grupo consultado pelas instituições financeiras, mas chegou um momento em que não havia mais como aumentar o crédito para esse grupo, pois já estava muito endividado. E quem surgiu para ocupar o lugar desse grupo foi justamente a Periferia Jovem”, conta Rabi.
Segundo o economista, os jovens de baixa renda representam um mercado emergente em termos de crédito no Brasil e que está ganhando cada vez mais espaço. Por isso, as empresas devem começar a olhar para esse nicho com uma maior atenção. “O grande alerta é em relação à inadimplência. Por serem jovens em sua grande maioria, não têm tanta experiência quando o assunto é lidar com o crédito. É preciso ter disciplina tanto de quem toma crédito como de quem oferece, afinal não é um mercado maduro em termos de administração financeira”, diz.
A pesquisa mostra que a participação das pessoas com até 30 anos de idade subiu de 30,5% para 33,1%, do total de consultas, com destaque para aquelas com idade entre 19 e 25 anos. Em geral, essa parcela possui 44,1% de representatividade em consórcio, 40,7% em financiamento de veículos e leasing e 38,5% em cartões de crédito. Já as pessoas com mais de 40 anos de idade recuaram a participação de 43,7%, em 2008, para 41,1%, em 2011.
Outro grupo social que ganhou espaço no total das consultas foi o Brasil Rural (população rural), de 11,8% para 14,9%, entre 2008 e 2011. Essa parcela da população conquistou o primeiro lugar no segmento de consórcios (31,5%). Já o grupo Aposentadoria Tranquila, embora também tenha elevado sua participação no período – de 1,9% para 2,3% -, continua com a menor representação no volume de consultas efetuadas.
A guerra dos sexos
Tanto homens quanto mulheres estão suscetíveis a cair em tentações e assumir dívidas. Porém, quando o assunto é a busca por crédito, o público masculino ganha destaque. De acordo com a Serasa, a parcela feminina é menos sondada pelo segmento financeiro que os homens. Elas são objeto de 41,6% das consultas, enquanto eles, por 58,4%.
Apenas no segmento de cartões de crédito, as empresas consultam mais os perfis de mulheres (57%). “Os homens estão mais presentes nas consultas financeiras referentes a bens de maior valor agregado, principalmente automóveis e imóveis. Já as mulheres estão mais focadas com as despesas de menor valor unitário. Acredito que essa tendência evolua para um equilíbrio mais adiante”, opina o economista.
Fonte: Consumidor Moderno
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