Com cerca de 12 milhões de brasileiros a residir em favelas e comunidades periféricas no Brasil, chegou o momento das marcas prestarem atenção no poder de consumo dessa parcela da sociedade. Para especialistas, pouco mais de 70% desse contingente envolve consumidores da classe C, fatia vista como a força motriz do crescimento do varejo.
E eles já mostraram a sua força, com os ‘rolezinhos’ dentro de shopping centers ocorridos no final do ano passado. Os eventos foram uma demonstração do que esse consumidor quer e as marcas não aproveitaram isso ainda, conforme a sócia-diretora do Grupo Bittencourt, Lyana Bittencourt. “Eles deixaram bem claro que querem ter acesso ao consumo, com destaque às marcas de luxo como Mizuno, Oakley, Lacoste, Abercrombie, Vans, Nike e outras. Mas poucos empresários conseguiram compreender isso”, disse a especialista em franquias.
O principal motivo para essa dicotomia de entendimento está relacionado ao posicionamento da marca perante os consumidores de maior classe social. “Essas empresas perceberam que quanto mais os ‘rolezeiros’ se aproximam delas, mas os ricos se afastam. Isso deve ser trabalhado.”
Casas Bahia, Ricardo Eletro e outros players já investiram nessas comunidades. Agora existe a movimentação de redes de fast-food como o Bob’s, Coxinha Du Chef e outras, que já conseguiram compreender a importância da presença em tais regiões.
Bom dia comunidade
Para facilitar o empreendedorismo em periferias brasileiras, o presidente de Rede UAI Shopping, Elias Tergilene, desenvolveu um modelo diferenciado de shopping centers. Denominado “equipamento de infraestrutura”, o conceito UAI envolve empreendimentos em periferias, tanto que vislumbra, em médio prazo, a inauguração de um shopping na comunidade pacificada Morro do Alemão, no Rio.
Em encontro promovido pela consultoria Gouvêa de Souza (GS&MD), o empresário afirmou que no shopping as marcas de franquias são orientadas a dar a oportunidade de abertura de um ponto comercial aos moradores do Morro do Alemão. “Hoje, a matriz econômica de uma favela é o tráfico e as drogas. Para conseguir estar nessas regiões, sem que a violência atrapalhe, é necessário ensinar outra forma de ganhar dinheiro”, explicou ele.
O empresário está embasado na pesquisa “Data Favela”, feita pelo instituto Data Popular. “O consumo dessa população acontece dentro da comunidade. Por exemplo, 74% deles fazem suas compras de alimentos e produtos de padaria na favela, assim como 82% recarregam o celular nos pontos de venda local.” O empreendimento do Complexo do Alemão, em tese, terá 60% das lojas que já operam por lá. “Temos de privilegiar o empresário local, sem deixar de lado o acesso a marcas que esses consumidores tanto querem. A mão de obra virá da favela também.”
Fonte: DCI
Por: GS&MD
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