Tal situação faz com que 34% dos indivíduos que moram sozinhos tenham suas contas extrapoladas, aponta pesquisa. Entenda o quadro.
Morar sozinho tem muitos benefícios: privacidade, lazer, independência. Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 10 milhões de brasileiros optaram por essa vida, um número que cresceu quase 40% apenas na última década. O benefício, porém, exige planejamento – e os consumidores estão deixando essa parte de lado. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Oito em cada dez indivíduos que moram sozinhos (79%) não se planejaram financeiramente para viverem assim e 34% afirmam que morar sozinho contribuiu para que elas extrapolassem o orçamento alguns meses. A justificativa de metade desses é o fato de não ter ninguém para dividir as contas (49%).
O levantamento mostra que 93% das pessoas que moram sozinhas são as únicas responsáveis pelo sustento da casa e que 66% dos entrevistados não fazem um controle efetivo de seus gastos. As razões mais mencionadas para isso são a falta de importância que atribuem ao controle do orçamento (33%) e a falta de hábito e disciplina para fazer o controle diário (27%).
Abrir mão do controle é um risco grande, conforme aponta o educador financeiro do SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli. “Quem é o único morador da residência precisa de disciplina extra para manter os compromissos em dia. Afinal, é a própria pessoa quem tem de acertar as contas e lidar com o orçamento no dia a dia”, afirma. “Sem controle fica muito mais difícil conhecer os próprios limites, saber se há exagero no consumo de produtos supérfluos ou fazer planos para realizar metas maiores, como uma viagem ou a compra de um carro, por exemplo”, explica Vignoli.
Soluções
Quando os recursos financeiros não são suficientes para fechar as contas do mês, 24% dos entrevistados afirmam mudar seus hábitos de consumo comprando coisas mais baratas e pesquisando preços, 22% pedem dinheiro emprestado a amigos ou familiares e 21% fazem cortes no orçamento como gastos com TV a cabo e supermercados.
Uma consequência natural é mostrada pelo estudo: 25% dos brasileiros que moram sozinhos estão atualmente no vermelho, sem conseguir pagar as contas. Por outro lado, 41% estão no zero a zero, não falta e nem sobra dinheiro, e 23% estão no azul. Outros 41% ficaram inadimplentes nos últimos 12 meses, e 62% dessas pessoas ainda continuam nessa situação.
Em média, os entrevistados com dívidas atrasadas têm uma dívida aproximada de R$ 1.500,00, proveniente principalmente do não pagamento da fatura do cartão de crédito (36%) e do cartão de lojas (20%). Segundo os entrevistados, o atraso nessas contas aconteceu por diversos motivos, sendo os mais recorrentes a diminuição da renda (23%), o empréstimo do nome para terceiros (23%), desemprego próprio ou de alguém da família (22%) e problemas de saúde (20%). Em média, essas pessoas acreditam que só vão quitar a dívida daqui 15 meses.
Consciência?
Um destaque do estudo fica para o fato de que 40% dos atuais inadimplentes que moram só e pretendem honrar seus compromissos não estão fazendo qualquer economia para viabilizar o pagamento de suas dívidas. Outros 31% estão economizando no consumo de energia elétrica e 27% na compra de itens do vestuário e calçados.
“Caso as pessoas não elaborem um planejamento mínimo para o pagamento de contas atrasadas, corre-se o risco do problema virar uma bola de neve e a dívida aumentar cada vez mais, principalmente se forem de cartão de crédito ou cheque especial”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “O ideal é reservar uma quantia, ainda que baixa, todo mês rigorosamente, como se fosse uma conta fixa no orçamento como conta de luz ou água. Desse jeito o dinheiro será guardado e não gasto com outras contas do dia a dia ou lazer”, aconselha.
Perfil de gastos
Os dados da pesquisa mostram que quatro em cada dez (40%) pessoas que vivem sozinhas têm ao menos uma compra parcelada ou financiada, principalmente em cartões de crédito (50%) – 33% delas têm ao menos uma parcela em atraso.
Considerando os últimos três meses, 27% dos entrevistados fizeram alguma compra que impactou negativamente o orçamento, principalmente relacionada a bares, restaurantes e baladas (28%) e compra de peças do vestuário (28%). A principal justificativa para este ato é a incapacidade de controlar seus desejos de compra (21%), seguido pelo fato de não ter controle sob suas despesas (14%).
Quase sete em cada dez (67%) não possuem reserva financeira e entre os 33% que possuem, a poupança é a modalidade mais comum (80%). No entanto 78% não sabem o valor que possuem em seus investimentos. A motivação mais recorrente das pessoas que moram só para fazer esta reserva é o uso em caso de imprevistos (31%), viagens (19%) e para a aposentadoria (17%) – já 23% não possuem uma motivação específica. Metade dos entrevistados (49%) costumam fazer planejamento financeiro para o futuro e 38% dos que têm reserva financeira afirmam que têm investido mais após começarem a morar sozinhos.
Por: Consumidor Moderno
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