O índice de perdas no varejo brasileiro cresceu. Depois de três anos consecutivos em declínio, voltou a subir e atingiu a marca de 1,38% do faturamento líquido do varejo brasileiro, totalizando R$ 21,46 bilhões em prejuízos, desperdícios. Essas constatações fazem parte da pesquisa inédita apresentada no Fórum Abrappe de Prevenção de Perdas 2019, realizado no dia 27 de junho, no auditório da Totvs, na capital paulista.
O estudo registrou a maior quantidade de companhias varejistas participantes entre todos os estudos já desenvolvidos no país até então. Sob a coordenação do presidente da Abrappe, Carlos Eduardo Santos, o estudo realizado em parceria com a EY analisou os dados de 113 varejistas, de 12 segmentos diferentes: Atacados e Atacarejos, Calçados, Construção/Lar, Drogarias, Eletro/Móveis, Esportes, Livrarias/Papelarias, Lojas de Departamento, Magazines, Moda, Perfumarias e Supermercados. Na média, perderam 1,38% do faturamento líquido de R$ 1,55 trilhão do varejo restrito registrado em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com base no cenário retratado na pesquisa, estima-se uma perda projetada para todo o varejo de R$ 21,46 bilhões. O estudo da Abrappe no período anterior apontou uma média menor, de 1,29%, ou seja, houve um aumento de 7% de um ano para o outro.
Dos segmentos analisados, Supermercados, Perfumarias e Esportes, com médias de 2,05%, 1,92% e 1,8%, respectivamente, foram os únicos que registraram índices de perdas acima da média nacional. Em seguida, vêm Moda (1,18%), Drogarias (1,09%), Construção/Lar (1,02%), Atacado e Atacarejo (0,99%), Livrarias/Papelarias (0,91%), Magazines (0,88%), Calçados (0,70%) e Eletro/Móveis (0,46%). A estreante na pesquisa, Lojas de Departamento, apresentou índice de perda de 0,62%.
Entre as causas-raiz das perdas, quebras operacionais lideram com 36%. Em seguida, aparecem furto externo com 20% e erros de inventário com 13%. Entre os problemas que integram as quebras operacionais, vencimento de produtos aparece em primeiro lugar com 24%, deterioração/perecibilidade com 18% e produtos danificados por funcionários com 12%.
Segundo o presidente da Abrappe, prevenir perdas é sempre um grande desafio para as redes varejistas e também para as indústrias. “O resultado da perda do varejo obtido na pesquisa deste ano interrompeu a série de redução dos últimos três anos. Em 2017, o índice foi de 1,29%; em 2016, 1,32%, e, em 2015, 1,40%. Esse crescimento pode ser parcialmente explicado a partir da análise do cenário econômico vivenciado no ano passado. Como o otimismo e o apetite de investimentos para parte dos empresários foi maior em relação a 2017, muitas empresas apostaram em níveis de estoques mais altos, porém, a venda não ocorreu de acordo com as expectativas e quando isso acontece o estoque perece, seja pela quebra operacional ou por reduções de margem por meio de reduções de preço”, explica Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe.
A grata surpresa do levantamento deste ano foi a adoção de tecnologias ou a contratação de terceiros para prevenir casos de perdas. Observou-se que outras áreas como operações, comercial e marketing tiveram considerável contribuição na tomada de decisão. “A aplicação de tecnologias disruptivas são capazes de beneficiar diferentes áreas do varejo, as quais devem trabalhar em conjunto. Cabe a Prevenção de Perdas incentivar e impulsionar a adoção dessas inovações”, explica Fernando Gambôa, diretor executivo de Performance Improvement/Advisory, da EY.
Como organização independente, formada por representantes de mais de 500 empresas de todos os segmentos do varejo nacional, o objetivo da Abrappe é “sempre contribuir para a redução das perdas e o aumento da rentabilidade do varejo e da indústria no Brasil. Os profissionais e o departamento de Prevenção de Perdas devem ser estratégicos em qualquer empresa. Queremos, com a associação, propagar esse conceito, pois anualmente bilhões de reais do varejo vão diretamente para o ralo”, defende Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe.
Por: Varejo ESPM
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