Para responder esta pergunta, Papo de Quadrinho realizou uma pesquisa pela Internet, divulgada através das redes sociais a partir de suas páginas no Facebook e twitter, que ficou no ar entre os dias 20 e 27 de janeiro e foi respondida por 2.273 pessoas.
De acordo com a amostra, o leitor médio de quadrinhos é do sexo masculino, tem entre 25 e 39 anos, e reside na região Sudeste.
Terminou a faculdade, trabalha, mora com os pais e tem renda familiar mensal entre 2 e 5 salários mínimos (R$ 1.576,00 a R$ 3.940,00, pelo piso nacional).
Algumas vezes por mês, este leitor vai a bancas de jornal e livrarias, onde compra um total de 2 a 5 gibis de super-heróis norte-americanos e desembolsa de R$ 10 a R$ 100. Autores e personagens são fatores determinantes na sua escolha.
Ele compra quadrinhos nacionais, mas pouco. Apesar de o Brasil aparecer como o segundo principal país de origem, estas HQs representam menos de 10% do que ele lê. O quadrinho digital ainda não faz parte do seu hábito de consumo.
Veja os gráficos:
As leitoras ainda são minoria, mas representam uma parcela considerável de quase um terço do total:
Depois do Sudeste, Sul e Nordeste são as regiões que mais concentram leitores
A faixa etária em destaque é a dos jovens e adultos. Como a amostragem foi colhida a partir dos perfis do Papo de Quadrinho, cuja faixa etária de seguidores é maior, crianças e adolescentes praticamente não aparecem.
A divulgação da pesquisa foi feita pela técnica da “bola de neve” (indicações), portanto, para trabalhar com crianças e adolescentes, outras abordagens como “entrevistas” e “grupos focais” seriam mais adequadas.
O leitor de quadrinhos tem escolaridade de nível superior. É possível concluir que a maior parte já terminou a faculdade, uma vez que hoje só trabalha.
A quantidade de leitores com pós graduação, mestrado ou doutorado é a mesma daqueles que cursam o ensino Médio.
Ele é solteiro e a renda familiar o posiciona entre as classes C1 e B2, de acordo com o Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), da ABEP.
As faixas R$ 10 a R$ 50 e R$ 50 a R$ 100 praticamente se equivalem. Somadas, indicam que dois terços dos leitores gastam entre R$ 10 e R$ 100 por mês em quadrinhos
O leitor médio sai para comprar quadrinhos algumas vezes no mês, e prefere as bancas de jornal e livrarias. Grande parte das compras é efetuada também em sites (de livrarias, lojas especializadas, editoras etc)
Os quadrinhos de super-heróis são seus preferidos, seguidos de Fantasia/Ficção Científica e Ação/Aventura. Aqui, o gênero Infantil pode ter sido prejudicado pela ausência de leitores menores de 12 anos na amostra.
Os formatos mais comuns (séries simples ou especiais, edições únicas com capa cartonada ou de luxo) praticamente se equivalem
O autor (roteirista/desenhista) desponta como o principal motivo que leva o leitor brasileiro a comprar uma HQ, pouco à frente dos personagens.
Este é um indicativo para as editoras trabalharem melhor o nome dos autores nas capas das publicações
O Brasil aparece como segundo principal país de origem das HQs, atrás dos Estados Unidos e à frente do Japão — o que chama a atenção, dada a oferta de mangás nas bancas.
Porém, a maioria dos leitores ainda compra poucos quadrinhos nacionais (menos de 10% do que consome), por razões que merecem ser debatidas
Os quadrinhos digitais ainda não caíram no gosto do leitor brasileiro. A maioria não compra; para os que compram, representa menos de 10%.
A pesquisa não aferiu a leitura de scans (quadrinhos baixados na internet, com ou sem a autorização dos produtores) ou de leitura de HQs online
Mesmo com o financiamento coletivo se consolidando como uma das modalidades mais procuradas pelos autores independentes, a maioria dos leitores nunca contribuiu com um projeto.
A boa notícia é que não há rejeição a esta modalidade e eles podem vir a colaborar no futuro
Considerações finais:
- Das 2.273 respostas, foram eliminadas apenas 8 duplicidades e 2 imbecis (menos de 0,5%);
- 36 e-mails (1,5%) não puderam ser validados;
- Nas próximas semanas, vamos publicar outros resultados da pesquisa, com as preferências por sexo, faixa etária etc;
- Essa é uma pesquisa quantitativa, cujos resultados abrem caminho para aprofundar as questões com pesquisas qualitativas (entrevistas, grupos focais, observação participante).
Por: Revista O Grito
Excelente!
Parabéns pela iniciativa e trabalho realizado.
Seria interessante ver por exemplo os perfis regionais.
Muito obrigado.