Após perder boa parte das vendas da Páscoa, o varejo se prepara para também ter um ano com as vendas do Dia das Mães muito comprometida pela crise — esta é a terceira data mais importante do varejo, após Natal e Black Friday. Duas redes de departamento ouvidas projetam queda nas vendas sobre 2019.
Ações comerciais e de marketing devem ser montadas, com foco na importância da família e da “celebração da vida” após a provável redução da quarentena em maio, dizem executivos da área ouvidos. Mas o entendimento é que a crise econômica vai ter um efeito forte sobre planos de compra do consumidor de curto e médio prazos, mesmo em produtos de baixo.
Será um baque superior àquele que se vê na Páscoa neste momento, porque tende a contaminar o varejo de forma mais ampla, já que a venda de Dia das Mães beneficia diversos segmentos do comércio.
Com a decretação da extensão da quarentena em algumas capitais fundamentais para a receita do setor, como São Paulo e Rio de Janeiro, mesmo que as lojas estejam abertas no começo de maio, os empresários do setor não preveem aumento em tráfego ou vendas em relação a 2019, mas queda, dizem duas redes de departamento ouvidas na terça-feira, que pediram anonimato.
Varejistas e associações setoriais entendem que a atual demanda reprimida não deve voltar tão rapidamente às lojas por conta da queda na renda da população já verificada desde março e pelo aumento no temor do desemprego.
Isso deve ter um impacto considerável, especialmente, no setor de moda e de eletrônicos, como celulares, que são produtos de maior demanda no Dia das Mães. Flávio Rocha, da família fundadora da Guararapes, dona da Riachuelo, levantou essa questão em videoconferência realizada nesta manhã, promovida pela consultoria GS&MD. “Teremos um problema grande para a venda deste inverno”, disse ele.
Para analistas do Itaú BBA, o comando da Renner disse nesta semana que não há uma visibilidade clara de quando a situação do coronavírus vai melhorar e reabrir as lojas antes não traria, necessariamente, as vendas de volta e poderia apenas gerar despesas mais altas.
Se o Dia das Mães tiver um desempenho pior que o de 2019, será desaceleração em cima de uma base já fraca.
O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio mostrou que o Dia das Mães 2019 teve a sua primeira queda em três anos. De 6 a 12 de maio, as vendas caíram 1,4% em relação ao mesmo período do ano anterior (7 a 13 de maio). No final de semana do Dia das Mães (10 a 12 de maio), houve queda de 1,8% em todo o país na comparação com o final de semana equivalente ao do ano anterior (11 a 13 de maio).
Na época, segundo os economistas da Serasa Experian, a alta da inflação e o ainda elevado nível de desemprego reduziram o poder de compra dos consumidores na primeira metade de 2019, com reflexo sobre o movimento dos consumidores nas lojas.
Com informações do jornal Valor Econômico.
Por: Mercado & Consumo
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