O mercado de alimentação fora do lar deve crescer apenas 3% este ano no Brasil, descontada a inflação. Tal desempenho representa uma forte desaceleração em relação à alta real de 12% a 14% registrada nos últimos dez anos, segundo estudo da consultoria de varejo GS&MD (Gouvêa de Souza).
Os estabelecimentos que já existiam no ano passado crescem pouco este ano, e algumas redes registram até mesmo queda nas vendas em mesmas lojas.
Segundo o consultor da GS&MD especializado em “foodservice“, Sérgio Molinari, metade do avanço deve vir de novas lojas. O faturamento de uma unidade nova de uma franquia de alimentação corresponde a cerca de oito vezes o de uma loja antiga.
Este ano o movimento nos restaurantes diminuiu durante a Copa do Mundo. Além disso, o ânimo do consumidor foi afetado por indicadores econômicos e incertezas relacionadas às eleições. Passado 2014, o mercado de alimentação fora do lar deve crescer a uma média anual próxima a 6%, já descontada a inflação, até 2018, estima Molinari. “Todos os fundamentos do crescimento do ‘foodservice’ perdem velocidade”.
O mercado de alimentação fora do lar deve faturar cerca de R$ 270 bilhões este ano no Brasil e atingir R$ 300 bilhões em 2015, segundo estudo da GS&MD que cruza informações coletadas nos estabelecimentos e dados da indústria que fornece alimentos para o setor.
Os dois principais fatores que impulsionaram o crescimento do mercado no Brasil nos últimos anos foram, em primeiro lugar, renda e, em segundo, urbanização. A renda do brasileiro cresceu acima de 3% ao ano nos últimos dez anos. Atualmente, cerca de 88% dos brasileiros vivem em cidades. Em 2000, a taxa de urbanização era de 81%. Mas esses fatores não avançaram mais no ritmo dos anos anteriores. A taxa de desemprego, de 4,9% em setembro, também pode ter chegado a um limite.
A maior parte do crescimento não deve mais vir de pessoas que ainda não comiam fora, como ocorreu há alguns anos, mas sim da sofisticação de quem já é consumidor. A classe C e os novos integrantes da classe B ainda apresentam grande potencial para aumentar seus gastos com alimentação fora do lar. Para Molinari, os formatos de restaurantes ‘casual dining‘ e ‘fast casual‘ devem crescer mais, pois o consumidor está “mais sofisticado e curioso”.
O consumidor das classes A e B, no entanto, já gasta de 45% a 50% de todo seu orçamento com alimentação em refeições fora de casa, o que já é um patamar elevado, segundo Molinari.
Fonte: Valor Econômico
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