Copa e desejo de se mimar são motores das tendências e intenções de compra para a primeira Black Friday pós pandemia
Na primeira Black Friday que coincide com uma Copa do Mundo as perspectivas para o varejo são animadoras. Pelo menos 7 em cada 10 brasileiros pretendem comprar na Black Friday, e os desejos não se resumem a itens essenciais. Cada consumidor pretende adquirir produtos de cinco categorias este ano, e roupas e acessórios estão no topo da lista, seguidos por livros e itens de papelaria, calçados, celulares e eletroportáteis.
Depois de dois anos, em que a data foi ofuscada pela crise econômica e pela pandemia, a Black Friday conseguiu se aproveitar da intensa digitalização dos últimos anos, e com isso o perfil de intenção de compra mudou, por causa de um consumidor mais exigente e cauteloso. Essa é a conclusão de uma pesquisa do instituto Ipsos encomendada pelo Google, que indica que o brasileiro está otimista de que poderá gastar mais e melhor na Black Friday em 2022.
Entre as pessoas que pretendem comprar algo na Black Friday, é possível identificar dois perfis. Um dos ‘cautelosos’ e outro dos ‘abertos’. De acordo com o levantamento, 12% das pessoas não querem gastar, 44% só vão gastar se encontrarem oportunidades que considerem valer a pena. Já entre os abertos, 35% já estão economizando para comprar algum produto, e 9% vão comprar tudo o que puderem e estiver vantajoso.
São 71% de brasileiros que pretendem comprar na Black Friday deste ano, 16 pontos percentuais acima do ano passado.
Copa do Mundo coincide com Black Friday, isso é bom
A Copa do Mundo pela primeira vez acontecerá no final do ano, e a estreia do Brasil no Mundial do Catar coincide exatamente com a véspera da Black Friday. E a paixão pelo futebol pode impulsionar a data, que se tornou um dos maiores eventos para o varejo no país. A Copa move o consumo, mas em diferentes categorias, que vão de eletrodomésticos a alimentos & bebidas. Para aproveitar bem esse timing, é preciso uma análise atenta das tendências para um planejamento consistente, que pode incluir uma antecipação em alguns segmentos.
Como destaca Fernanda Bromfman, diretora de varejo médio do Google, “a Copa é um grande evento, que traz um espírito festivo. Cabe ao varejo se antecipar à data, que vai muito além da quinta e da sexta-feira”.
No primeiro ano de pós pandemia e com o mundo físico retomando a normalidade, o Mundial do Catar será a primeira grande oportunidade de reencontro, como assistir aos jogos juntos com os amigos, exemplifica Bromfman, e várias categorias se beneficiam desse clima de festa e de reunião.
Além dos segmentos mais relacionados à Copa em si, Roupas e Acessórios e Itens esportivos também são impulsionados pelo clima e podem multiplicar a conversão ao se associar à Black Friday. Por outro lado, a tendência é que bens duráveis como carros e móveis caiam um pouco pelo menos durante os jogos.
Mas em relação à coincidência de datas? De acordo com o levantamento, a tendência é que a Black Friday não seja prejudicada pela Copa e a estreia do Brasil (contra a Sérvia no dia 24 de novembro às 16h, fique ligado!), exceto por uma redução no fluxo de buscas durante a partida. O que para o Google também não é motivo de preocupação, já que a atenção do consumidor deve ser recuperada rapidamente.
O que o brasileiro mais quer comprar na Black Friday
Em tempo de Copa, a Black Friday vai ser só sobre bola rolando? Não. Apesar de o Mundial influenciar o crescimento de alguns segmentos, os principais itens da intenção de compra medida pela pesquisa de intenção de compra Ipsos/Google são diversos e têm mais a ver com a realização de desejos e escolhas conscientes dos brasileiros. Confira:
Roupas e Acessórios 47%
Livros e Papelaria 43%
Calçados 38%
Celulares 36%
Eletroportáteis 33%
Beleza, Perfumaria e Cuidados Pessoais 33%
Roupas e Calçados Esportivos 29%
Alimentos 29%
Informática e Acessórios 29%
Decoração, UD e Cameba 22%
TVs 22%
Móveis 22%
Brinquedos 15%
Este é o segundo ano em que Roupas e Acessórios estão em primeiro lugar na lista de intenções. Isso se deve aos tempos atípicos dos anos de pandemia, explica Gleidys Salvanha, diretora de negócios para varejo do Google. “O brasileiro passou praticamente dois anos em casa, e agora está retomando alguns hábitos de consumo, como comprar roupas, depois de focar em equipar a casa em 2020, naquele momento de incerteza e home office”.
Isso porque a Black Friday se consolidou no calendário do consumidor como uma boa oportunidade de compras. E em um ano em que o brasileiro voltou a conviver com a inflação, em um cenário de em tempos de bolso apertado a black pode ajudar a satisfazer os desejos de consumo que não se restringem a itens essenciais. É o chamado efeito lipstick, termo cunhado por americanos que notaram que as vendas de cosméticos aumentaram na depressão de 1929 e na crise de 2008.
“O consumo ocupa um papel de recompensa, e a Black Friday uma data para realizar desejos pessoais”, avalia Salvanha.
Confiança na Black Friday aumentou
Em um momento desafiador, a prioridade é comprar mais barato, mas sem abandonar a qualidade. Para a diretora de varejo, isso é reflexo do amadurecimento do brasileiro, que está mais consciente e busca fazer melhores escolhas.
E as promoções da Black Friday tem um papel ainda mais importante para viabilizar todos esses desejos do consumidor. Mas é necessário combinar isso à transparência, para as empresas não terem a imagem arranhada. Desde 2010, quando o varejo brasileiro adotou a data, criada nos Estados Unidos, o consumidor tem cada vez mais confiança na Black Friday e está mais habituado às compras digitais.
“Os varejistas se especializaram na data para não quebrar essa relação”, aponta Bromfman. Transparência se tornou uma palavra importante e que permeia o planejamento das ações para a data. “Não dá pra entrar na Black Friday sem promoções agressivas, porque isso pode prejudicar a reputação”, adverte Salvanha.
Quem tem mostrado mais confiança na Black Friday, inclusive com um crescimento substancial na intenção de compra é o consumidor da classe C. 68% está se planejando para fazer compras na Black Friday, a faixa que mais cresceu em relação ao ano passado.
A busca pelo melhor negócio
Se nos últimos dois anos a escolha pelo barato estava focada no curto prazo pelas incertezas que a pandemia causou, para 2022 há uma inversão dessa tendência. 47% pretendem comprar mais itens e 46% dizem que vão gastar mais.
Além disso, 27% dos consumidores buscam os melhores produtos em vez de os mais baratos. É uma diferença significativa em relação a 2020, quando o início da pandemia fez 53% dos consumidores darem preferência a produtos baratos em vez de melhores, ou top de linha.
“O consumidor está focado em encontrar o melhor negócio”, indica Fernanda Bromfman, diretora de varejo médio do Google.
Importante entender que é um momento de muitos ruídos e muitos acontecimentos, desde a pandemia à crise de suprimentos, aumento da inflação em todo o mundo, a guerra na Ucrânia e eleições. A pesquisa buscou identificar o que mais pode impactar os consumidores: tópicos ligados ao momento econômico.
“O que move a régua são itens ligados à aumento de preços, inflação, desemprego e impostos”, aponta Bromfman. Mas mesmo com esses ruídos 88% dos brasileiros acredita que sua situação econômica vai se manter ou melhorar até o final do ano.
“Os consumidores estão desafiados, mas muito otimistas. Um otimismo cauteloso”, conclui Gleidys Salvanha.
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