Os mercados emergentes são uma realidade para o Luxo. Com a crise de 2009, o comportamento do consumidor foi profundamente alterado e o setor passou por um momento de retratação em todo o mundo, mas principalmente em economias mais maduras. Em 2010, no entanto, houve uma retomada e um crescimento inesperados. Essa recuperação é, em parte, explicada pelo aumento do poder de compra dos consumidores de países como Brasil, Rússia, Índia e China, o tão festejado BRIC, como destacou Stéphane Truchi, CEO do Instituto Francês de Opinião Pública (IFOP), em palestra neste primeiro dia de Atualuxo.
Para retomar o fôlego, as marcas tiveram que rever suas estratégias e pensar na redemocratização do Luxo, além de reforçar a sua relação com os clientes mais fiéis. “O eixo decisivo para as marcas de luxo foi o desenvolvimento internacional. Os países emergentes não são mais uma coisa só”, explica Truchi.
Com as mudanças, as empresas perceberam as oportunidades dos mercados emergentes e passaram a focar seu planejamento também nestes países. Mas, para aproveitar as oportunidades destes terrenos férteis, entender que os consumidores são completamente diferentes, de acordo com a cultura, os hábitos e o comportamento do local em que moram, é essencial. O desafio para as empresas reside em saber quem são estes chineses, russos, indianos e latinos. E rápido.
Mercados emergentes são diferentes
“Há 412 bilionários norte-americanos. Neste ranking, o Brasil ocupa o nono lugar, com 30 bilionários. Quando observamos esses números de altíssima renda vemos que a força do bloco emergente é decisiva sobre o consumo”, diz o CEO do IFOP, durante a apresentação dos resultados de uma pesquisa inédita feita com consumidores da Rússia, China, Índia e América Latina, em parceria com a MCF Consultoria e Conhecimento.
De acordo com o levantamento, os moradores destes países estão confiantes sobre a melhoria do poder aquisitivo. Enquanto 61% dos mexicanos acreditam num acréscimo de potencial de consumo, o Brasil lidera os resultados da pesquisa, com 76% de otimismo. Diante deste cenário, saem na frente as marcas que conseguirem se estruturar mundialmente, sem esquecer de direcionar suas estratégias localmente.
Os chineses, por exemplo, confiam em marcas “claras”, conhecidas. Por isso, as companhias que querem conquistar este público devem investir na construção de marcas fortes e procurar em sua história pontos com os quais os chineses se identifiquem, para criar imaginários fortes, baseados nas raízes. Estes consumidores também valorizam a qualidade e dão muita importância ao preço que pagam. Outra oportunidade é apostar nos jovens chineses na faixa dos 20 anos, que têm um grande potencial de compra.
Características próprias
Já os brasileiros têm uma relação muito próxima da beleza e da estética. O país é o segundo maior mercado mundial em cirurgia estética e o terceiro principal usuário de cosméticos. A natureza também é um tema onipresente no Brasil, o que acaba tendo consequência na comunicação das marcas. Quem se interessar por este mercado precisará respeitar esta particularidade.
Na Rússia, os valores tradicionais na era do pré-comunismo são destaque. Produtos icônicos, que levam os russos a reencontrarem a noção de prazer são muito importantes, como é o caso das bebidas alcóolicas. O mesmo é observado na Índia, que valoriza muito sua própria história e cultura e começa agora a dar espaço para novos entrantes, que podem estar lado a lado com o que é produzido localmente.
Fonte: Mundo do Marketing
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