Setor de eventos movimenta mais R$ 291 bilhões e gera 6,6% dos empregos no Brasil

De acordo com a Abrape, o setor de eventos representa cerca de 4% do PIB do Brasil e deixou de faturar R$ 230 bilhões na pandemia.

Um dos primeiros a ser impactado com o início da pandemia de Covid-19 e responsável por cerca de 4% do PIB brasileiro, o setor de eventos deixou de faturar R$ 230 bilhões no Brasil entre 2020 e 2021, de acordo com dados da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape). Só no primeiro ano pandêmico, 350 mil eventos foram cancelados; já em 2021, outros 530 mil deixaram de acontecer.

Os impactos atingiram aqueles que dependiam de atividades do setor para sobreviver. Músicos, garçons, produtores, fornecedores, seguranças e outros profissionais ficaram sem a principal fonte de renda. Para oferecer proteção aos envolvidos na cultura, entretenimento e turismo, o Governo Federal criou o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). O objetivo da iniciativa foi abranger cinco pontos: refinanciamento de dívidas, créditos para sobrevivência das empresas, desoneração fiscal, manutenção de empregos e condições de adiamento e cancelamento de atividades.

Retomada aos poucos em 2022 e bons números em 2023

Com o avanço da vacinação e retomada dos eventos presenciais em 2022, o Brasil fechou o ano passado com números expressivos no setor. Segundo a Abrape, em todo o país foram mais 590 mil eventos, que geraram 15 mil vagas de emprego.

Em 2023, o processo de retomada continuou. Os números do primeiro semestre foram colhidos pelo Radar Econômico da Abrape com dados do IBGE e do Ministério do Trabalho e Previdência. O saldo acumulado entre janeiro e junho apontou um crescimento de 42,3% comparado ao mesmo período do ano passado. Foram geradas 12.438 vagas de emprego nos últimos seis meses, sendo 4.095 apenas no mês de junho.

Quanto ao consumo no setor, os números apontam uma estimativa de R$ 57 bilhões no primeiro semestre de 2023, o que ultrapassa o mesmo período de 2022, com um valor de R$ 49 bilhões. Junho foi o melhor mês desde 2019, com um índice de R$ 9,6 bilhões.

Online ou offline?

Durante o isolamento provocado pela pandemia, os brasileiros conheceram uma nova modalidade de eventos: online. Os shows passaram a ser lives; já no mundo corporativo, os congressos também migraram para o mundo digital, e reuniões se tornaram chamadas de vídeo.

Com a chamada “volta à normalidade”, ou “novo normal”, os eventos online não deixaram de fazer parte da rotina do brasileiro. A demanda pelo formato, mesmo que em números menores que em 2020 e 2021, ainda existe. Um exemplo disso é o “Relatório Eventos no Brasil”, feito pela Opinion Box e Transformação Digital em outubro de 2022.

Os números mostraram que quando o assunto é educação e trabalho, o formato online funciona melhor. 28% e 22% das pessoas, respectivamente, disseram preferir o formato quando o assunto está relacionado aos estudos ou à vida profissional. Já os artísticos culturais são preferidos presencialmente por 81% do público da pesquisa.

Quando a pandemia começou, 59% das pessoas deixaram de ir a todos os eventos presenciais, enquanto 22% pararam de frequentar a maior parte deles. 12% dos entrevistados contaram parar de frequentar apenas algumas realizações. Por último, 7% não se restringiram no período pandêmico.

Em 2022, com os números da Covid-19 em queda, o cenário mudou. Apenas 2% das pessoas não voltaram a frequentar eventos presenciais, enquanto 47% voltaram à normalidade de ir a todos os compromissos da agenda fora de casa. 29% dos ouvidos pela pesquisa se fazem presente em maior parte dos compromissos presenciais, e 22% em apenas alguns.

Qual a justificativa de quem ainda não voltou aos eventos no Brasil?

preço é um dos pontos citados pelo público da pesquisa da Opinion Box. 64% acreditam que os eventos estão mais caros, comparados aos preços do período antes da pandemia. Os gratuitos se tornaram mais atraentes, e sete em cada 10 pessoas entrevistadas disseram participar principalmente, ou apenas, de eventos gratuitos nos 12 meses que antecederam o estudo.

Quais os mais frequentados?

Após dois anos comprometidos pelas medidas de segurança, em 2022 o segmento respirou mais aliviado e voltou a atrair o público. Os sociais, como casamentos, festas e formaturas, foram os mais frequentados, com 47% dos votos da pesquisa da Opinion Box. Em seguida vêm os religiosos, que contaram com a participação de 37% dos ouvidos. Os artísticos-culturais – cinema, teatro, exposições – empataram com os musicais – shows e festivais -, ambos com 35% do público.

Em quinto lugar, os corporativos, escolhidos por 26% dos ouvidos pela pesquisa, enquanto os educacionais tiveram adesão presencial por 25%. Os esportivos, com 22%; gastronômicos foram escolhidos por 20% e, por último, 14% disseram não ter participado de nada.

Entender quais locais as pessoas frequentam é importante para quem é do setor. É necessário saber o que leva um consumidor a ser atraído pelo evento. Isso pode determinar questões como preços de ingressos, atrações e local. Inclusive, a distância de casa é um dos fatores decisivos para 50% das pessoas entrevistadas. Já 66% consideram as atrações, enquanto os valores são priorizados por 65% dos ouvidos.

Os atuais números do setor

De acordo com a Abrape, os eventos e o hub setorial somam 3,8% do PIB brasileiro, com um faturamento anual de R$ 291,1 bilhões. Em todo o hub setorial, são 6,6 milhões de pessoas envolvidas. A massa salarial ultrapassa R$ 71 bilhões ao gerar 3.205.550 empregos, 6,6% dos gerados em todo o Brasil.

Por: Jessica Chalegra, Consumidor Moderno

By | 2023-09-04T17:04:39-03:00 23 agosto, 2023|Categories: Mercado|Tags: , , |0 Comments

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Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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