Consumidores estão mais prudentes ao que parece

Os indicadores dos últimos dias sobre a disposição de poupar ou quitar dívidas, reduzir a inadimplência e aplicar recursos em fundos de previdência ou cadernetas mostram consumidores agindo com mais responsabilidade. Parecem entender, em reação ao noticiário econômico, que é melhor precaver-se contra o risco de que se agravem os desequilíbrios a partir de 2014, obrigando as autoridades monetárias a adotar uma política dura de contenção, seja no que se refere ao controle da inflação ou do reequilíbrio das contas externas, com repercussões sobre a oferta de empregos e a preservação da renda dos trabalhadores.

Na quinta-feira, pesquisa do Ipsos em conjunto com a Associação Comercial de São Paulo mostrou que 24,5% da renda decorrente da primeira parcela do 13.º salário será usada para quitar dívidas – porcentual inferior ao de outros anos. Mas isso se deve à queda no nível de dívidas em atraso, evidenciada nas estatísticas sobre a inadimplência. Esta caiu de 5,5%, em outubro de 2012, para 5,1%, no mês passado, segundo o Ipsos. Os devedores renegociam as dívidas, pagam menos do que lhes era cobrado e usam o que sobra para depositar em caderneta de poupança. Esta captou R$ 4,5 bilhões líquidos, em outubro, e R$ 53,4 bilhões, entre janeiro e outubro, mais do que em todo o ano passado.

Em setembro, ingressaram R$ 4,5 bilhões na previdência privada, segundo a Fenaprevi, com 61 seguradoras e 13 entidades de previdência complementar. Entre janeiro e setembro, o ingresso bruto foi de R$ 53,3 bilhões. As pessoas voltam a poupar a longo prazo, embora a rentabilidade dos títulos públicos tenha sido, em 2013, a pior da história.

O comportamento mais responsável dos consumidores não acarreta imediata diminuição do endividamento como um todo. Pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo indica que 54,4% das famílias paulistanas estavam endividadas, um aumento de 1,8 ponto porcentual em relação a setembro. Mas, como sugere, a queda da inadimplência cedeu – trata-se de endividamento mais criterioso ou de menor custo, por exemplo, no crédito consignado.

A cautela dos consumidores se baseia no fato concreto das dificuldades das micro e pequenas empresas (em geral abertas por trabalhadores que deixam seu emprego) com a alta dos juros – e na incerteza decorrente da política econômica. Evitar o crédito fácil e subsidiado é o caminho mais prudente.

Fonte: O Estado de S. Paulo
Por: GS&MD

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About the Author:

Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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