Dados de uma pesquisa inédita revelam tendências de consumo e o perfil de 32 milhões de brasileiros que acessam a internet de lan houses. O número representa 45% dos usuários que, hoje, acessam a rede de uma das 107 mil lan houses espalhadas pelo Brasil, e que, segundo o estudo, priorizam o investimento em serviços com foco em cursos, trabalho e busca de empregos, seguido de itens para consumo pessoal. O estudo foi desenvolvido pela consultoria Plano CDE, especializada no universo das classes C, D e E, em parceria com a CDI Lan (empresa social ligada à ONG Comitê para Democratização da Informática)
“Esse cenário é uma característica da mobilidade social vivida pelas classes populares, que têm entre seus jovens um público cada vez mais escolarizado do que os pais e, por isso mesmo, busca mais informação e tecnologia fora de casa, já que não tem computador ou acesso à internet”, observa Luciana Aguiar, antropóloga e sócia diretora da Plano CDE, que para desenvolver o levantamento ouviu 891 usuários de todo o país.
O estudo aponta que os usuários de lan houses são, na maioria, jovens entre 14 a 24 anos, sendo que 59% possuem renda pessoal mensal, com 80% respondendo por uma renda pessoal de até R$ 1,2 mil por mês e 14% possuindo renda entre R$ 1.201,00 a R$ 2 mil. Dentro desse universo, 77% contribuem no orçamento familiar, parcialmente (56%) ou com toda renda pessoal (21%).
A pesquisa mostra que, mesmo com a pouca idade, e até pela tendência a outras atividades de lazer comuns entre usuários dessa faixa etária, 40% investiriam em educação se tivessem um acréscimo de R$ 500,00 na renda. Em seguida, aparecem meio de transporte (20%), tecnologia (13%) e consumo com vestuário, calçados e higiene pessoal (7%).
“Tratam-se de usuários conscientes, que utilizam os recursos do acesso à rede principalmente para ascender intelectualmente e profissionalmente”, avalia Bernardo Faria, diretor da CDI Lan, ao destacar o potencial das lan houses para serviços como cursos à distância, assim como produtos de inclusão financeira.
De acordo com o levantamento, o nível de educação dos entrevistados é relativamente alto, considerando sua concentração nas classes C, D e E, – 43% têm ensino médio completo ou superior incompleto; 35% possuem ensino médio incompleto; 6% com superior completo. Em relação à ocupação, 46% dos usuários possuem um vínculo mais estável de trabalho (carteira assinada, funcionário público ou militar) e 30% são autônomos ou empresários.
O mapeamento também revela que 43% dos clientes de lan houses estão concentrados na região Nordeste e 38% na Sudeste; o Centro-Oeste responde por 7% e as regiões Norte e Sul por 6%, cada uma.
A pesquisa ainda mostra que o acesso à internet por esse público está bem inserido ao networking: 67% dos usuários utilizam a rede para a leitura de e-mails (67%) e 57% fazem uso da internet para a comunicação com amigos e parentes (65%).
No quesito entretenimento, o acesso a vídeos, fotos ou ouvir músicas é apontado como preferência por 55% dos internautas, seguido de acompanhar notícias esportivas (51%), pesquisa (46%), jogar (45%) e ler notícias, novidades, fofocas e piadas (29%). Dicas sobre saúde/alimentação e beleza/moda respondem, respectivamente, por 13% e 11% do interesse dos usuários.
Os portais de notícias e redes sociais também são canais importantes para o internauta que freqüenta os estabelecimentos. “Considerados canais que atuam como uma janela para o mundo para o público da base da pirâmide, os portais de notícias e as redes sociais contribuem tanto para a atualização sobre o mercado de trabalho como para o desenvolvimento do capital social”, analisa Luciana Aguiar.
A pesquisa aponta que as atividades mais relevantes para os usuários de lan houses nos portais são acessar e-mail (29%); ler notícias do mundo (23); ler notícias de entretenimento (18%) e ler notícias de esportes (14). Nas redes sociais, o acesso prioriza o contato com amigos e parentes (64%); a postagem de fotos (13%); e os jogos sociais (8%).
Fonte: Consumidor Moderno
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