Os smartphones da faixa de preço entre R$ 2 mil a R$ 3 mil cresceram 194% em vendas no segundo trimestre de 2020 no Brasil, ao saltar de 344 mil para 1 milhão de peças em um ano. Por sua vez, os handsets na faixa de R$ 1,1 mil a R$ 2 mil – intermediária-premium – subiram 12%, de 3 milhões para 3,3 milhões de peças comercializadas. Os dados foram enviados com exclusividade pela IDC Brasil a Mobile Time e consideram tanto as vendas de smartphones no mercado oficial quanto no paralelo.
“A categoria a partir de R$ 1,1 mil vem ganhando mais notoriedade no mercado. Temos um incremento de fabricantes lançando produtos na faixa intermediária e intermediária-premium”, disse Renato Meireles, analista de pesquisa e consultoria em consumer devices na IDC, em conversa com Mobile Time. “Eles (fabricantes) fazem uma leitura do atual comportamento do consumidor que busca por melhoria na câmera, tela e mais memória. Isso eleva o tíquete médio do produto. E o consumidor está disposto a pagar mais por um produto que não está no low-end, mas está na faixa de preço acima”.
Vendas consolidadas (cinza e oficial) por preço | |||
Faixa de preço | Unidades no 2T19 | Unidades no 2T20 | Variação |
Até R$ 700 | 1,7 milhão | 768 mil | -57% |
R$ 700 a R$ 1,1 mil | 7 milhões | 3,2 milhões | -53% |
R$ 1,1 a R$ 2 mil | 2,9 milhões | 3,3 milhões | 12% |
R$ 2 mil a R$ 3 mil | 344 mil | 1 milhão | 194% |
Acima de R$ 3 mil | 808 mil | 754 mil | -7% |
Por outro lado, a categoria de smartphones de R$ 700 a R$ 1,1 mil, mesmo em queda (-53%), de 7 milhões para 3,3 milhões de smartphones, segue com uma forte representatividade no mercado brasileiro: “Essa faixa é o substitutivo do preço de entrada, até R$ 699. A faixa low-end vem perdendo espaço para a faixa de R$ 700 a R$ 1,1 mil”.
Vale dizer, o resultado do segundo trimestre de 2020 coloca a categoria de R$ 1,1 mil a R$ 2 mil como líder de vendas no segmento de smartphones com 36% de fatia do mercado, seguida por R$ 700 a R$ 1,1 mil com 35%.
Market share dos smartphones por preço | ||
Faixa de preço | Percentual no 2T19 | Percentual no 2T20 |
Até R$ 699 | 13,78% | 8,40% |
R$ 700 a R$ 1,1 mil | 54% | 35,52% |
R$ 1,1 a R$ 2 mil | 23,33% | 36,78% |
R$ 2 mil a R$ 3 mil | 2,68% | 11,05% |
Acima de R$ 3 mil | 6,29% | 8,25% |
Feature phones
Outro tema complementar abordado na conversa foram os preços médios de feature phones. De acordo com a empresa de análise de mercado, o tíquete médio no mercado oficial saltou de R$ 132 e para R$ 185, um aumento de 39% na comparação do segundo trimestre de 2020 com o mesmo período um ano antes. Por sua vez, o tíquete médio no mercado cinza era de R$ 86 e foi para R$ 108, aumento de 25%. De acordo com Meireles, os dois segmentos tiveram um crescimento expressivo devido à flutuação cambial com altas recordes do real em relação ao dólar; à falta de peças chinesas no mercado; e à entrada de dispositivos com o sistema operacional KaiOS no mercado brasileiro, mais caros e com configurações melhores em comparação ao feature phone tradicional.
Receitas e motivos
Meireles apresentou ainda o resultado das vendas de smartphone e feature phone no mercado brasileiro. No segundo trimestre de 2020, os smartphones recuaram 15%, de R$ 15 bilhões para R$ 13 bilhões, se comparado ao mesmo período um ano antes. E os features phones tiveram queda de 36% no faturamento, de R$ 112 milhões para R$ 72 milhões.
O analista explicou que as quedas foram devido à pandemia do novo coronavírus e uma crise agressiva no abastecimento de insumos de fabricação, uma vez que a maioria deles depende das fábricas chinesas: “Essa dependência da China no mercado brasileiro trouxe um recuo expressivo no mercado. Claro que tivemos alguns fabricantes que não dependem da China e esse impacto foi menos agressivo”, disse.
“Mas foi uma queda menos expressiva devido às vendas do canal online”, completou. “O nosso mercado brasileiro tem uma sensibilidade muito forte ao varejo físico. Com a crise pandêmica e o distanciamento social, os consumidores precisaram fazer compras no e-commerce. Mas não foi o suficiente para minimizar o impacto da queda”, completou.
Receita com Feature Phones | 2T19 | 2T20 | Variação |
Mercado Oficial | R$ 112 milhões | R$ 72,3 milhões | -36% |
Mercado Cinza | R$ 17 milhões | R$ 10 milhões | -40% |
Total Consolidado | R$ 129,5 milhões | R$ 82,5 milhões | -36% |
Receita com Smartphones | 2T19 | 2T20 | Variação |
Mercado Oficial | R$ 15 bilhões | R$ 13 bilhões | -15% |
Mercado Cinza | R$ 925 milhões | R$ 1,3 bilhão | 48% |
Total Consolidado | R$ 16 bilhões | R$ 14 bilhões | -12% |
Para a segunda metade de 2020, o analista da IDC prevê um crescimento acelerado em um movimento de recuperação que já começou. Contudo, a estimativa é que o ano atual feche em queda de 14%. A expectativa é que o mercado de celulares volte a crescer apenas em 2021, com alta de 8,5%, em razão do retorno da atividade comercial plena (com a chegada de uma vacina que combata a Covid-19) e com a entrada do 5G.
“A tendência para o ano de 2020 é uma curva V. Ele caiu muito forte no primeiro semestre e depois volta de uma maneira rápida no terceiro trimestre. Existe uma recuperação em curto prazo”, disse.
Por: Mobile Time
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