Black Friday 2015: Mais pessoas comprarão menos. Experiência melhora

Pesquisa do Mundo do Marketing com a Opinion Box mostra a intenção de compra do brasileiro que está mais seletivo em suas aquisições por conta da recessão econômica.

A quinta edição do Black Friday no Brasil se aproxima com a missão de ajudar os varejistas a fecharem 2015 com as contas equilibradas. No ano marcado pela desaceleração da economia e inflação nas alturas, oferecer descontos agressivos pode ser uma boa saída para os dois lados: empresários e consumidores. Mas é justamente este cenário de recessão que influenciará as aquisições, como aponta a pesquisa de intenção de compra realizada pelo Mundo do Marketing em parceria com a Opinion Box.

O levantamento mostra que quatro em cada 10 brasileiros ainda não aproveitaram nenhuma edição da promoção, o que para as empresas significa que ainda há uma grande fatia da população a ser conquistada. O levantamento foi realizado em todo o país por meio de entrevista online entre os dias nove e 11 de setembro, com 1.226 consumidores a partir dos 16 anos. A maior parte dos respondentes mora na região Sudeste, seguida da Nordeste.

A perspectiva é que mais pessoas comprem neste ano, mas em menor volume em relação aos anos anteriores e com melhor experiência. “A situação macroeconômica do país está impactando o comportamento do consumidor. O brasileiro continua querendo participar da promoção, tem interesse de compra, mas ela deverá ser impactada no número de categoria acessadas. Isso quer dizer que eles devem comprar menos em tipos de produtos”, explica Felipe Schepers COO e Co-founder da Opinion Box, em entrevista à TV Mundo do Marketing.

Experiência de compra

A pesquisa Black Friday 2015 traz um panorama da experiência que os consumidores tiveram no ano passado, faz uma comparação com 2013 e mostra ainda as perspectivas para a próxima edição, que acontece mês que vem. Os dados apontam que ao longo dos anos os brasileiros estão se permitindo experimentar esse novo modelo. Em 2014, 41% dos entrevistados afirmaram que já haviam aproveitado a promoção – neste ano, esse percentual pulou para 56%. E, entre eles, o índice de pessoas que tiveram problemas diminuiu: 58%, em 2013, para 39%, no ano passado.

Essa experiência reforça que os problemas muito comentados nas primeiras edições estão sendo solucionados pelos e-commerces, principal modelo de negócio que aposta neste tipo de saldão no Brasil. O número de pessoas que identificaram que o desconto não era representativo em comparação ao valor real caiu seis pontos percentuais nos dois últimos anos. A falta de disponibilidade do produto foi percebida por 13% e entre os que compraram em 2014 e 26% no ano anterior. Mas a melhor experiência foi em relação ao acesso ao site. No levantamento de 2014, 31% dos respondentes afirmaram que não conseguiram acessar o canal, neste ano, o índice caiu para 13%.

Os resultados mostram que os problemas que surgiram nos primeiros anos, quando a oferta ainda era duvidosa, estão sendo solucionados. “Isso quer dizer que as campanhas que as empresas estão fazendo para tornar a Black Friday mais relevante no Brasil estão tendo efeito. Analisando os últimos anos, percebemos um aumento de quase 50% no número de pessoas que passaram a aproveitar esse período. As marcas estão aprendendo a trabalhar a promoção, o consumidor está experimentando mais e essa relação está sendo positiva para os dois lados”, comenta Scheppers.

Valor é fator de decisão

Como o brasileiro está perdendo a desconfiança na Black Friday brasileira, muitos devem aproveitar a data para comprar algum item desejado há tempos, mas que por conta da inflação ainda não conseguiu – 82% dos entrevistados sinalizaram a intenção. Mas neste ano o impulso deverá ser um pouco mais controlado. Os consumidores já começaram a levantar preços para saber se a oferta realmente valerá a pena, 93% afirmaram que pretendem fazer esse monitoramento. Depois de quatro edições e com aperto no orçamento, eles estão mais espertos em suas compras e mais objetivos também.

Nesta quinta edição um item será determinante. O valor do produto será fator preponderante para a decisão de compra, 60% dos entrevistados afirmaram que acreditam que vão optar por onde encontrar o melhor preço independente se já compraram ou não no estabelecimento. As lojas onde já compram com recorrência foram apontados por três em cada 10 entrevistados e o envio de ofertas foram relevantes apenas para 10% dos entrevistados. Ou seja, não adianta investir em e-mail Marketing se as ofertas não forem verdadeiramente boas.

Assim como nos anos anteriores, os artigos eletrônicos dominam as listas de desejos (64%), seguido por eletrodomésticos (50%), informática, (43%), roupas e acessórios (37%). Com as contas apertadas, o interesse por viagens e turismo caiu oito pontos percentuais se comparado a intenção de compra em 2014 e 2015. A aquisição de livros e assinatura de jornais ou revistas também teve uma queda considerável, passando de 27%, em 2014, para 18%, neste ano.

Mais descontos

Os consumidores também estarão um pouco mais comedidos, 62% dos entrevistados afirmaram que devem gastar até R$ 500,00 e a maioria deve optar por pagar à vista. “Isso mostra que as pessoas estão com medo de contrair dívidas. Elas pretendem comprar apenas de acordo com as possibilidades financeiras, evitando assumir parcelamentos na Black Friday. Os consumidores, inclusive, vão buscar um abatimento maior no formato do pagamento, já que, em geral, o pagamento no boleto à vista oferece desconto extra”, explica Scheppers.

Assim como nos anos anteriores, os brasileiros continuam sonhando a compra ideal: 54% disseram que querem frete grátis e com entrega ágil. Apenas dois em cada 10 não veem problema esperar mais um pouco desde que o desconto seja vantajoso e a entrega gratuita. E só quatro por cento estão abertos a pagarem um pouco mais pelo frete para receberem o produto mais rápido. Isso mostra que as ofertas de entrega gratuita aplicadas por muitos sites quando a Black Friday começou a ser praticada por aqui educou os brasileiros a não quererem arcar com este serviço.

Por ser recente no Brasil, a efeméride ainda tem a desconfiança de muitos consumidores, 74% dos participantes da pesquisa acreditam que a Black Friday seja melhor nos EUA. Entre aqueles que não querem aproveitar a promoção, 42% desconfiam dos descontos, 32% disseram que vão esperar a promoção de Natal e apenas 11% dizem que não vão comprar por falta de dinheiro. Ou seja, mesmo em tempos de recessão, não será a falta de crédito o principal fator para não aproveitar as ofertas, mas a desconfiança nela. Isso reforça que o desafio dos varejistas que utilizam a data para movimentar seus negócios é muito grande, além de se prepararem para oferecerem grandes abatimentos, eles devem trabalhar cada vez mais para conquistar a confiança dos consumidores.

(link: http://pages.rdstation.com.br/perspectivas-para-a-black-friday-2015) A pesquisa completa com os dados de 2014 e as intenções para 2015 estão disponíveis.

Assista ao hangout sobre a pesquisa com Felipe Scheppers, da Opinion Box.

Por: Roberta Moraes, Mundo do Marketing

By | 2017-05-27T07:21:32-03:00 26 outubro, 2015|Categories: Comportamento do consumidor, Consumo, Estratégia, Mercado, Pesquisas, Varejo|Tags: , , |0 Comments

About the Author:

Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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