Brasileiro economiza em produtos básicos para manter “pequenos luxos”

Redes do varejo alimentar estão aproveitando esse comportamento e investindo em marcas próprias.

No Brasil, 28% de brasileiros escolhem poupar em produtos básicos para não abrir mão daqueles que entraram em sua cesta de consumo nos últimos anos. É o que aponta análise feita pela dunnhumby no Brasil, empresa especializada em ciência do consumidor. Para mapear esse comportamento, foram analisados, durante os últimos três meses, os hábitos de 22 milhões de brasileiros desde 2013: o que compraram, com que frequência e o que gastaram. Os dados são estudados e cruzados com indicadores do País, como renda per capita, desemprego e PIB do Brasil.

Os clientes apontados pela pesquisa são chamados de “econômicos extravagantes”, na tradução da expressão inglesa “slave & splurge”, comportamento que marcou o consumidor europeu durante a crise econômica mundial em 2009 e ganha força nos demais continentes.

“É uma tendência que vem sendo observada no mundo todo e agora, com a piora da economia, amplia-se entre os brasileiros, independentemente de sua faixa da renda e da região em que habitam”, afirma Adriano Araújo, diretor-geral da dunnhumby no Brasil. “Ao contrário do que se pensa, o consumidor não corta os pequenos luxos nem os produtos especiais. Ele corta nos básicos”, completa.

Marcas próprias

De olho nesse comportamento, as redes de supermercado ampliam as ofertas de produtos de suas marcas próprias ou exclusivas. São mercadorias que hoje disputam espaço nas gôndolas com as marcas líderes dos principais fabricantes.

Na rede Extra, os cem produtos mais vendidos (entre os 1.500 existentes) da Qualitá, marca de alimentos do GPA, tiveram crescimento de vendas acima de 10% entre janeiro e abril ante igual período de 2014.

“O consumidor está atrás do melhor custo-benefício. Se somadas todas as marcas exclusivas oferecidas no Extra e no Pão de Açúcar, elas já respondem por 11% das vendas”, diz Eduardo Finelli, gerente de marcas exclusivas do GPA. Há cerca de cinco anos, esse percentual girava em torno de 5,5% a 6%. Em produtos como leite, café, salgadinhos e itens de higiene pessoal, o crescimento das marcas próprias passa dos 20%.

A variação de preço entre uma marca própria e a principal (5% a 30% mais barata dependendo do produto) é um dos atrativos que também pesam na escolha do consumidor, principalmente com o aumento da inflação, avalia Gerard Antonius Eysink, diretor de marca própria do Walmart Brasil. É entre os consumidores do Nordeste que as marcas próprias da varejista avançam com mais força. Em seguida, estão clientes das regiões Sudeste e Sul do país.

Já o Carrefour, sem detalhar percentuais, informa também ter verificado aumento na venda de sua marca própria na comparação com 2014.

Fonte: Folha de S. Paulo

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Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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