Classe C influencia mudança da mídia

As recentes mudanças na economia brasileira, como o aumento do poder de compra da classe C, tiveram um reflexo expressivo nos veículos de comunicação, conforme afirmou Julio Ribeiro, presidente da Talent, em sua palestra “Socorro! A mídia mudou. Mudou?”, apresentada na última quinta-feira (10) na sede São Paulo do Iate Clube de Santos, em evento realizado pela Revista Iate, em São Paulo.

Ribeiro começou sua explanação contextualizando a economia brasileira no cenário mundial. Segundo o publicitário, foi a partir de 2008 que o País começou a exportar mais e a oferecer mais crédito à população devido ao pagamento da dívida externa ao FMI (Fundo Monetário Internacional). “Pagamos e emprestamos dinheiro ao FMI. Hoje somos credores e temos zero de dívida”, falou Ribeiro. O executivo também comentou sobre os US$ 300 bilhões de reserva do Brasil e do US$ 1 trilhão que a China tem reservado. “Ela [China] é o grande credor dos Estados Unidos. Vivemos uma realidade surreal”, disse Ribeiro.

Em seguida, o publicitário falou que todo esse cenário econômico influenciou diretamente o aumento do poder aquisitivo da classe C, uma vez que essa parcela da sociedade passou a ter mais acesso a créditos e assim, passou a consumir produtos e serviços que antes não conseguia, como cruzeiro em navio. “Antigamente, a classe C era um grupo que morava na periferia e comprava pouco. Hoje, essas pessoas representam 38% do consumo nacional”, observou Ribeiro.

O executivo afirmou que atualmente todos os seus clientes miram a classe C. “A coisa escandalosa que vemos hoje é que somos um País de classe C. Então, todos os meus clientes hoje miram a classe C. E a grande dificuldade de quem faz comunicação é pensar como vive a classe C. Eu nunca fui classe C. Então recorri às pesquisas e para a minha surpresa, descobri que eles querem a mesma coisa que as classes AB”, afirmou o publicitário.

Em seguida, Ribeiro disse que o motivo disso acontecer deve-se à mídia, mais especificamente, à televisão. “Até a invenção do satélite, apenas as revistas tinham alcance nacional. As rádios eram locais. E com a TV invadindo a casa das pessoas, principalmente as novelas e a Globo, e depois o futebol, houve essa massificação da informação”, falou o executivo.

Em sua palestra, Ribeiro também mostrou que a mídia cresceu 19% entre 2009 e 2010, e que a TV continua com a maior parte da divisão publicitária: 53%. As revistas, segundo Ribeiro, ficam com 9% e em 2010 tiveram um faturamento publicitário de R$ 6,4 bilhões. O executivo também disse que, em 2007, o índice de leitura de revistas entre as classes era de 85% na A, 72% na B e 53% na C. No ano passado, houve um decréscimo, passando para 81% na classe A, 67% na classe B e 49% na classe C.

Porém, houve um aumento em número de títulos de revistas, que passou de 3.640 mil, em 2007, para 4.432 mil, em 2010. Apenas a classe C é responsável por 1,2 milhão de exemplares comercializados ao mês, com títulos voltados exclusivamente para esse público-alvo. Os títulos especializados representam 17%, ou seja, 762 títulos do total publicados no País. Já as revistas náuticas, como mostrou Ribeiro, existem apenas duas: Revista Iate e Náutica, ambas bimestrais.

De acordo com o publicitário, os CPMs (custo por mil) das revistas Iate e Náutica são, respectivamente, R$ 228 e R$ 716, um valor bem acima de outras publicações que abrangem um público-alvo maior, como Veja (R$ 163) e Capricho (R$ 128). “Eu acho a revista [Iate] excelente, com uma qualidade gráfica excepcional. O fato das pessoas não conhecê-la é alarmante. Eu vejo tantas oportunidades de anúncios. A revista tem um potencial enorme”, afirmou o publicitário, referindo-se a uma rápida pesquisa que fez na internet com 100 pessoas para saber suas opiniões sobre a Revista Iate. Segundo Ribeiro, a maioria respondeu que já tinha ouvido falar, mas que não a conhecia direito.

Ao final da palestra, Ribeiro foi indagado sobre as redes sociais e o publicitário disse que esses sites de relacionamento têm um grande poder social, mas não um poder comercial. “A cada dia haverá mais pessoas envolvidas nas redes sociais, mas a parte comercial é muito limitada. Há grande dificuldade de se comercializá-la”, concluiu.

Fonte: Propmark

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By | 2017-05-24T14:11:16-03:00 05 março, 2011|Categories: Marketing Digital|Tags: , , , , |0 Comments

About the Author:

Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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