Pesquisa aponta que pessoas estão mais dispostas a serem saudáveis. Preço, praticidade e geração impactam nas escolhas.
O que pode ser considerado uma alimentação saudável? Assim como os hábitos alimentares mudam de cultura para cultura, de um grupo social para outro ou entre gerações, a percepção do que é saudável também vai passando por transformações. As mudanças no entendimento em relação ao assunto acabam então impactando não só o comportamento das pessoas, mas como as marcas podem se posicionar diante de novos cenários.
Recentemente, por exemplo, a pandemia e o consequente isolamento fez com que alguns fatores – ingredientes, procedência, praticidade – fossem levados mais em consideração na hora de comprar e preparar produtos alimentícios. A crise econômica, em especial a inflação dos alimentos, é outro ponto que influencia as escolhas na alimentação.
Para entender como estão os hábitos alimentares da população brasileira diante de mudanças cada vez mais frequentes e quais tendências à mesa merecem atenção, a MindMiners, empresa de tecnologia e pesquisa de mercado, ouviu mil pessoas acima de 18 anos, das classes ABC de todo o Brasil, em agosto de 2022. Os principais insights do relatório você encontra a seguir.
Hábitos alimentares dos brasileiros: do café à ceia
O primeiro dado trazido pela pesquisa da MindMiners é em relação às refeições diárias, surgindo aí já uma constatação: os hábitos alimentares podem variar bastante entre regiões e gerações. Enquanto a maioria da população realiza as três principais refeições (café da manhã, almoço e jantar), alguns grupos são mais propensos a pular alguma delas.
A geração Z (jovens com idades entre 18 a 25 anos), por exemplo, é a que mais pula o café da manhã. Os residentes da região Norte, por sua vez, têm mais chance de não sentir fome ou substituir o almoço. Quanto ao jantar, é realizado mais frequentemente pelos boomers (acima de 58 anos). A região Sudeste ainda apresenta mais o hábito de fazer a ceia antes de dormir.
Em comum está o fato que o brasileiro está comendo mais em casa e preparando sua própria comida. As principais justificativas para isso é poupar dinheiro, por comodidade e o interesse por uma alimentação mais controlada, que visa a um consumo mais equilibrado. Inclusive, para 45% dos respondentes, comer fora de casa significa comer de maneira menos saudável.
E a sobremesa? Sim, ela tem vez no cardápio do brasileiro e praticamente 70% das pessoas que participaram da pesquisa comem um “docinho” no mínimo uma vez por semana. No entanto, o consumo tem sido mais consciente: quem opta por doces mais calóricos busca fazê-lo em menor quantidade.
O impacto da saúde e bem-estar na alimentação
A pesquisa da MindMiners apontou que a grande maioria da população brasileira não possui restrições alimentares, aparecendo como destaque apenas a intolerância à lactose (7% dos respondentes), ao glúten (3%) e a redução voluntária do consumo de carnes, chamada também de flexitariano (10%).
Além disso, somente 39% está realizando alguma dieta específica no momento. O que não significa que não exista uma preocupação geral com a saúde e bem-estar. Se pudesse mudar algo nos hábitos alimentares, boa parte dos participantes comentou sobre o desejo de incluir mais frutas e verduras no cardápio e diminuir o consumo de itens considerados prejudiciais.
Entram na “linha de corte”, ou seja, são produtos que as pessoas gostariam ou já estão cortando de sua rotina os refrigerantes (para 46% dos entrevistados), fritura (45%), açúcar (39%), gordura trans ou saturada (35%), alimentos embutidos (33%), entre outros.
Por outro lado, os brasileiros não estão dispostos a abrir mão de maneira radical de coisas que realmente gostam, como sobremesas ocasionais, o churrasco de fim de semana, uma massa ou uma cervejinha. A ideia, portanto, é reduzir a quantidade, mas não deixar de comer. Até porque metade dos respondentes afirma que a alimentação do final de semana é diferente da de segunda a sexta-feira!
Por fim, com a busca por saúde e bem-estar por meio da alimentação em alta, o auxílio dos profissionais de saúde entra também no dia a dia da população. Nutricionistas e endocrinologistas são os mais procurados. No entanto, 41% das pessoas ainda faz dieta sem acompanhamento médico. O mau costume é mais frequente na faixa etária dos 25 aos 34 anos.
O cardápio da população brasileira: insights para marcas
Destacando as mudanças recentes nos hábitos alimentares e a importância cada vez maior da alimentação saudável para a população brasileira, o relatório da MindMiners utiliza os dados levantados para fornecer insights e ações que podem ser considerados por players do setor de alimentos. Alguns deles são:
A percepção do que é saudável
Não só os hábitos, mas os motivos por trás dos hábitos fazem a diferença na hora de uma mudança de comportamento. Hoje, os brasileiros consideram mais importante para ser saudável: ter uma alimentação equilibrada, estar com a mente sã, dormir bem, praticar exercícios físicos e ir regularmente ao médico. Ter um corpo que agrade aparece no fim da lista de prioridades.
O potencial dos snacks
Além de café da manhã, almoço e jantar, entra no cenário das refeições diárias os snacks, ou seja, os lanchinhos que podem ser feitos no meio da manhã ou da tarde. 39% das pessoas já têm o hábito de comer algo como pães, frutas, bolos e café entre o almoço e jantar, por exemplo. A frequência é maior entre o público feminino.
Nestes casos, a maioria se organiza para preparar o lanche em casa, mas, quando a compra é realizada via app de delivery, praticidade, frete grátis e conveniência são os pontos que mais se destacam. Uma dica para as marcas irem além é adotar ações que ajudem a descontruir rotinas já estabelecidas, ofertando opções tão atraentes quanto as que o brasileiro já está acostumado a comer hoje.
O que conquista consumidores
Já quando escolhem uma refeição pronta, a população brasileira leva em consideração os seguintes itens, em ordem de importância: sabor, praticidade, saciedade, ingredientes, preço, saudabilidade e, por último, a marca. Portanto, é relevante que os players se atentem a isso em suas campanhas e produtos.
Além disso, apenas quatro em cada dez pessoas confiam que snacks industrializados são saudáveis. Por isso, algumas ações para minimizar este efeito podem ser: adotar ingredientes naturais, trazer rótulos claros e de fácil entendimento e trabalhar com produtos com porções menores, que não tragam peso na consciência se forem consumidos.
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