Aumento do desemprego e queda de renda fez com que consumidores voltassem às classes D e E entre janeiro e novembro do ano passado.

Pelo menos 3,7 milhões de pessoas deixaram a classe C e voltaram para as classes D e E entre janeiro e novembro do ano passado. As causas são o aumento do desemprego e a queda de renda dos brasileiros, fatores que já impactam na mobilidade social no País.

Um estudo realizado pela economista Ana Maria Barufi, do Bradesco, com base nos dados de renda da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, indica que a participação da classe C na pirâmide social brasileira caiu dois pontos percentuais nesse período, passando de 56,6% para 54,6%.

Apesar disso, essa camada da população ainda tem o maior contingente de brasileiros, com 103,6 milhões de pessoas. Compõem tal grupo indivíduos de famílias com renda mensal entre R$ 1.646 e R$ 6.585. Na classe D estão famílias com renda de R$ 995 a R$ 1.646 e na E, de até R$ 995.

Por conta do cenário atual, a economista do Bradesco não vê perspectiva de reversão da tendência. As recessões afetam mais as classes mais baixas, uma vez que as vagas que necessitam de qualificação são as primeiras a serem cortadas. Assim sendo, a tendência é que a classe C volte a ter menos de 50% do total da população, o mesmo patamar visto em 2010.

“O nível de consumo atrofiado sinaliza que a mobilidade para baixo está em curso”, afirma Altamiro Carvalho, economista da FecomercioSP. Pesquisa feita em setembro pela entidade mostrou que 1,2 milhão de famílias caíram de classe social na primeira metade de 2015. “De lá para cá, o ritmo de queda da renda só aumentou e os preços subiram ainda mais”.

Fonte: Valor Econômico