Pesquisa de orçamentos familiares do IBGE

O IBGE divulgou há poucos dias os últimos dados sobre a pesquisa de orçamentos familiares, referentes a 2008 e 2009, cujos principais pontos estão elencados abaixo.

Famílias gastaram em média R$ 50,16 por mês com viagens

A POF 2008-2009 pesquisou as despesas médias familiares com viagens esporádicas, que são as despesas médias efetuadas durante deslocamentos não rotineiros realizados pelos componentes das famílias para fora do município onde estava localizado seu domicílio. A despesa média mensal familiar com este grupo foi de R$ 50,16. Para as famílias com rendimentos de mais de R$ 3.015,00 mensais, a despesa média foi de R$ 147,63, quase o triplo da média nacional e quase dezoito vezes o gasto estimado para as famílias com renda mensal de até R$ 910,00, que gastaram em média R$ 8,46.

Considerando-se o peso relativo dos itens que compõem o grupo viagens esporádicas, a participação do transporte correspondeu a 48,7%, sendo esse o maior peso em todas as classes de rendimentos, chegando próximo a 70% para os dois primeiros quartos de renda (até R$ 910,00 e entre R$ 910,00 e R$ 1.581,00). O segundo item com maior peso foi alimentação, com 22,6%. Os itens pacotes turísticos (média 12,8%) e alojamento e aluguel de imóveis por temporada (média 11,6%) tiveram participação bem mais significativa nas despesas das famílias do último quarto de renda (mais de R$ 3.015,00), 16,2% e 13,9%.

Maior escolaridade está relacionada a maior gastos com viagens

Na análise das despesas médias mensais familiares com viagens esporádicas por nível de escolaridade, observou-se que para as famílias cujo nível de escolaridade da pessoa de referência era de pelo menos o nível médio incompleto, a estimativa de despesa média mensal familiar foi de R$ 187,61, quase quatro vezes a estimativa nacional (R$ 50,16) e mais de oito vezes a estimativa das famílias cuja escolaridade da pessoa referência era o nível fundamental ou menos.

As despesas com transportes foram as mais participativas na despesa média mensal com viagens esporádicas das famílias brasileiras segundo os níveis de escolaridade das pessoas de referência, variando de 62,4% para o nível fundamental ou menos, até 40,4% para entre o nível médio e o superior.

Também se observou que, para as famílias com pessoa de referência no grupo de escolaridade com pelo menos o nível médio incompleto, as participações de pacotes turísticos (19,2%) e alojamento e aluguel de imóveis por temporada (15,0%) eram significativamente maiores do que para aquelas com pessoa de referência com escolaridade de nível fundamental ou menos (4,1% e 5,8%, respectivamente).

Maioria dos gastos está associada a viagens por motivo de férias

A Pesquisa também relacionou o gasto realizado em viagens com o motivo da viagem. Na análise da distribuição das frequências de despesas com viagens esporádicas por tipo de motivo, o mais frequente foi aquele associado a gastos de viagem foi lazer, recreio e férias (37,9%), seguido por visita a parentes e amigos (22,3%), negócios e motivos profissionais(15,8%) e tratamentos médicos (8%).

Entre as grandes regiões, o motivo lazer, recreio e férias foi o mais frequente nas despesas com viagens esporádicas. Chamou a atenção a diferença observada no segundo motivo mais frequente: negócios e motivos profissionais apresentou percentuais significativos nas regiões Norte (26,7%) e Nordeste (22%), enquanto visita a parentes e amigos se destacou no Sudeste (22,6%), Sul (25,4%) e Centro-Oeste (25,5%).

No Sudeste, famílias em que a pessoa de referência era trabalhador doméstico tinham despesas quase duas vezes maior do que no Nordeste

As famílias com as maiores despesas médias foram aquelas cuja pessoa de referência ocupava a categoria de empregador (R$ 6.373,62), seguidas pelas famílias de empregados públicos (R$ 4.327,08), enquanto a despesa média quando a pessoa de referência era empregado privado foi de R$ 2.497,14. As menores despesas foram das famílias que tinham como pessoas de referências trabalhadores domésticos (R$ 1.248,09) e trabalhadores para o próprio consumo ou uso (R$ 936,44).

Ainda sob o foco da posição na ocupação, porém observando a situação por região, as famílias cuja pessoa de referência era empregado privado apresentaram maior despesa média mensal no Sudeste (R$ 2.906,85) e a menor no Nordeste (R$ 1.632,85). Quando a posição na ocupação era de empregado público, novamente a maior despesa média familiar foi observada no Sudeste (R$ 5.198,48) e a menor, no Nordeste (R$ 3.241,08).

Com relação ao grupo de famílias definido pela posição na ocupação empregado doméstico, observou-se, mais uma vez, a distinção entre as famílias do Sudeste e Nordeste, onde para a primeira, a despesa média mensal foi de R$ 1.445,22 e, para a segunda, foi de R$ 865,65.

A maior despesa média mensal familiar para o grupo definido pela posição na ocupação empregador ocorreu no Sul (R$ 7.329,52), enquanto a menor apresentou-se no Nordeste (R$ 4.532,30). O mesmo ocorreu com as famílias do grupo conta própria, onde a menor despesa média foi observada no Nordeste (R$ 1.456,63), e a maior, no Sul (R$ 3.068,99). No grupo familiar definido pela posição na ocupação de trabalhador para o próprio consumo ou uso, a menor despesa das famílias foi no Nordeste (R$ 820,88) e a maior no Norte (R$ 1.513,37).

Alimentação e habitação chegam a 59% do gasto de famílias de trabalhadores domésticos

As famílias nas quais a pessoa de referência era trabalhador doméstico tiveram quase 59% de sua despesa média despendida com os grupos alimentação e habitação, enquanto as dos empregadores tiveram, nestes mesmos itens, 37,0% do total de gastos. Em termos absolutos, no entanto, as famílias de empregadores gastaram com esses grupos de despesas 3,7 vezes o valor despendido pelas famílias de trabalhadores domésticos. No gasto com os grupos alimentação e habitação, a participação na despesa média familiar dos empregados privados ficou em 45,3%, enquanto a dos empregados públicos, 37,4%.

Despesas no grupo de 60 a 69 anos de idade aumentaram acompanhando maior renda

A POF revelou que as despesas médias familiares aumentam na medida em que aumenta a idade da pessoa de referência, saindo de R$ 1.238,34 (pessoa de referência entre 10 a 19 anos) até R$ 3.130,17 (grupamento de 50 a 59 anos), caindo então para R$ 2.815,40 no grupo de idade de 60 a 69 anos. Para este último estrato de famílias, no entanto, notou-se que o valor da despesa na POF 2002-2003 era semelhante a despesa média nacional, enquanto na POF 2008-2009 superou a média nacional em 7%. Uma das explicações possíveis seria a crescente presença relativa desse grupo no mercado de trabalho, acarretando uma maior contribuição para o orçamento das famílias brasileiras.

Pessoas que moram sozinhas (famílias unipessoais) gastam mais com habitação e saúde

Habitação, com 29,2%, foi o item de maior peso na despesa média para as famílias brasileiras, cujo tamanho diminuiu de 3,62 para 3,30 pessoas entre 2003 e 2009. Essa participação foi maior nas famílias unipessoais (35,4% da despesa total e gasto médio de R$ 662,66) e menor naquelas formadas por casal com filhos (27,3%). No entanto, nas famílias em que a pessoa de referência era mulher vivendo com seus filhos, sem a presença de cônjuge, os valores gastos com habitação representaram 32,4% (R$ 648,60) da despesa total, numa redução de 1,9 pontos percentuais em relação à POF anterior.

A média do gasto familiar com assistência à saúde (R$ 153,81) representou 5,9% do total da despesa. Esse grupo se destacou nas famílias unipessoais (6,8%), de casal sem filhos (6,6%) e casal com filhos e outros parentes (6,5%). O maior crescimento ocorreu para famílias unipessoais (1,0 ponto percentual) e a maior queda para casais sem filhos (1,2 pontos percentuais).

Já as despesas do grupo alimentação, no Brasil, representaram na média 16,1% (R$ 421,72) do total das despesas, apresentando variação dentre os diversos arranjos familiares. A maior participação foi para as famílias de casal com filhos e outros parentes com 18,2%, ao contrário, com menor as famílias unipessoais com 14,3%.

Em transportes, a média dos gastos das famílias investigadas na POF 2008-2009 teve praticamente o mesmo peso das despesas com alimentação, 16,0%. Comparado, porém, com a POF 2002-2003, observa-se um aumento de 0,9 pontos percentuais, no item, por conta, provavelmente, do crescimento das despesas dos casais e dos casais com filhos (neste tipo, encontra-se o maior percentual, 17,7%).

Na área rural, parcela dos gastos com educação é maior nas famílias compostas por mulher, sem cônjuge, com filhos

Apesar da grande discrepância entre o número de famílias residentes em áreas urbanas e rurais – 48,8 milhões na área urbana (84,4%) e apenas 9,0 milhões (15,6%) na área rural -, o perfil das famílias não foi muito distinto e, nas duas situações de domicílio, houve redução do tamanho médio (de 8,6%, no estrato urbano e de 11,2% no rural), em relação à POF 2002-2003. Em ambas as áreas, as famílias eram compostas, em sua maioria, por casal com filhos, sendo 41,3% na área urbana e 48,5% na rural.

Habitação teve o maior peso, tanto na área urbana, 29,4% (R$ 838,24), quanto na rural, 26,8% (R$ 373,88), mas, em relação à POF anterior, as despesas desse grupo aumentaram mais na área rural (1,3 pontos) do que na urbana (0,1 ponto). Para as famílias residentes na área urbana, as despesas médias com transporte e alimentação tiveram quase o mesmo peso relativo, 15,8% (R$ 450,28) e 15,3% (R$ 437,45), respectivamente. Não tiveram, no entanto, a mesma representatividade para todos os tipos de família, com disparidade mais acentuada onde a pessoa de referência era mulher, sem cônjuge e com filhos: as despesas com alimentação representaram 16,3% do total contra 12,4% do transporte.

Com assistência à saúde, os percentuais praticamente se equivalem: 5,9% na área urbana e 5,7% na rural. Nos centros urbanos, as famílias unipessoais apresentaram a maior participação (6,9%) desse grupo, enquanto na área rural, as famílias formadas por casal sem filho foi a que apresentou a maior participação (7,6%).

Com relação a despesa média da área urbana com educação, as famílias compostas por casal com filhos foram aquelas que apresentaram maior participação na despesa total, com 3,2%. Por sua vez, na área rural, a maior participação foi das famílias compostas por pessoa de referência mulher, sem cônjuge com filhos, com 1,9%.

Gastos com remédios correspondem a 48,6% da despesa média mensal com saúde das famílias

Em 2008-2009, os gastos com o grupo assistência à saúde tiveram peso de 7,2% (R$ 153,81) na despesa de consumo média mensal das famílias. A análise das prioridades dos gastos das famílias aponta para uma possível melhoria nas condições de saúde da população ou para a hipótese de que o atendimento do serviço público tenha sido mais eficiente. Entre as participações relativas por itens que compõem o grupo, os remédios tiveram o maior peso (48,6%), seguido por plano ou seguro de saúde (29,8%). Já o item hospitalização apresentou o menor percentual (0,7%), provavelmente em função do crescimento, nos últimos anos, do número de famílias que têm planos ou seguro saúde e do atendimento pelo serviço público.

Nas regiões Norte, Nordeste e Sul o item remédios também liderou a participação, com destaque para o Norte (57,5%). Essas regiões apresentaram os menores pesos de gastos com Plano ou seguro de saúde, sendo o menor, de 18,7%, também na região Norte.

Entre 2002-2003 e 2008-2009, remédios, plano ou seguro de saúde e tratamentos médico e ambulatorial foram os itens que mostraram aumentos de participações no total das despesas com saúde. Observou-se queda de participação em consulta e tratamento dentário, consulta médica, serviço de cirurgia e hospitalização.

Na análise das famílias por classes de rendimento mensal, os remédios tiveram maior peso para as famílias com menores rendimentos (74,2%) contra 33,6% do grupo de maiores rendimentos. Por outro lado, as despesas com plano e seguro saúde representaram 42,3% do total de despesas com saúde no grupo das famílias com maiores rendas, enquanto, para as de menores rendas, o item apenas representou 7%.

Proximidade de estradas de grande circulação e falta de pavimentação das ruas são os problemas mais apontados

A presença de estrada de grande circulação de veículos nas proximidades foi uma das principais características negativas do entorno dos domicílios apontadas pela Pesquisa (31,8%), com destaque para a região Sul (35,8%). O outro problema mais apontado foi a ausência de pavimentação na rua do domicílio (31,1%). Na comparação entre as grandes regiões, esse último indicador foi maior no Norte (52,6%) e Nordeste (46,1%).

Quando se compararam as casas, a ausência de pavimentação na rua foi o maior problema indicado, atingindo 34,5% dos domicílios (na comparação regional, foram 54,4% no Norte e 48,9% no Nordeste). Já entre os apartamentos, a estrada de grande circulação de veículos voltou a ser o aspecto negativo mais apontado, com 42,9% no país e destaque para as regiões Nordeste (61,0%) e Sul (53,9%).

No país, a ausência de água canalizada para o domicílio foi apontada por 7,2% das famílias. Porém, esse problema foi assinalado por 23,7% das famílias da região Norte e 18,3% no Nordeste. Do total de domicílios com água encanada no país, 24,7% não tinham qualquer sistema de aquecimento.

Mais da metade dos domicílios rurais queima ou enterra lixo na propriedade

Do total de domicílios pesquisados, 80,7% tinham o lixo coletado diretamente e apenas 10,2% queimavam ou enterravam o lixo na propriedade. Contudo, na área rural, 57,7% queimavam ou enterravam o lixo e apenas 24,4% tinham coleta direta. Entre as unidades da Federação, o Maranhão tinha o menor percentual de domicílios com coleta direta (51,1%) e o maior percentual com lixo queimado ou enterrado na propriedade (33,4%). No outro extremo, estava São Paulo, com 94,5% e 1,7%, respectivamente.

Em todo o país, 29,7% dos domicílios separavam o lixo entre materiais biodegradáveis e não degradáveis. Porém, desse contingente, apenas em 40% a separação tinha como finalidade atender à coleta seletiva. Entre as unidades da Federação, o Paraná se destacou, com 64,6% de domicílios com separação do lixo e, desse total, 60,5% para coleta seletiva. Já no Amapá e no Maranhão, apenas 2,0% dos domicílios separavam lixo.

Fonte: IBGE

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Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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