As marcas de faixa de preço alto perderam importância em 19 categorias das 24 analisadas pela Nielsen.
Em 2016, oito em cada dez consumidores trocaram o produto de limpeza que costumavam usar por marcas de preço mais baixo, como efeito direto da queda de renda provocada pela crise econômica. As embalagens econômicas representavam no mês de dezembro 18% dos gastos do consumidor, alta de 2,2 pontos percentuais em relação ao ano passado.
A redução do poder aquisitivo devido ao desemprego e à contenção de despesas das famílias é o fator mais importante para determinar o desempenho do setor, diz Antonio Calcagnotto, presidente da Abipla (Associação Brasileira das Indústria de Produtos de Limpeza e Afins). Apesar da queda em volume de 4,6% nos 12 meses, até agosto, a boa notícia é que a compra de produtos de uso específico, como limpadores de superfícies e itens de higienização de banheiros, está crescendo. São itens mais sofisticados e de preço médio mais alto, o que eleva a rentabilidade das fabricantes.
As marcas de faixa de preço alto perderam importância em 19 categorias das 24 analisadas pela Nielsen. Sua representatividade em volume caiu de 46,8% para 44,2% da cesta. Produtos de preço intermediário subiram de 28,1% para 29,1% da cesta e os mais baratos cresceram 1,6 ponto percentual, para 26,7%.
Para enfrentar a crise econômica, as embalagens econômicas ganharam relevância na compra de 46% dos segmentos de limpeza. O sabão de roupa de 2 a 5 kg ganhou importância, assim como o amaciante em embalagens de 5 litros, no caso de diluídos, e de 1 litro a 1,5 litro em concentrado, diz Domenico Filho, analista da Nielsen.
As compras ficaram mais planejadas em 2016. O abastecimento representou 43,3% das ocasiões de compra em junho deste ano, ante 40,7% em igual mês de 2015. A compra por emergência ou impulso caiu de 4,5% para 2,8%. A importância em valor das marcas de médio valor subiu de 28,1% para 29,1% na comparação anual. Os itens de baixo valor passaram de 25,1% para 26,7%.
O Brasil é o quarto maior mercado de limpeza do mundo, depois de EUA, China e Japão. O país subiu quatro posições desde 2010. O mercado de produtos de limpeza no Brasil somou US$ 5,8 bilhões em 2015, segundo a Euromonitor International, e deve chegar a US$ 8,1 bilhões em 2020.
Nos próximos cinco anos, a indústria deve crescer menos em volume e mais em valor, pois o consumidor deve investir em produtos mais específicos e de valor mais alto.
Calcagnotto, diretor de assuntos corporativos da Unilever, tem três prioridades à frente da Abipla: reduzir a informalidade, simplificar a tributação e definir padrões para os produtos concentrados e compactados.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tem 2,3 mil empresas cadastradas no segmento de higiene e limpeza, mas o mercado real é estimado em praticamente o triplo: 7 mil. A informalidade é um dos principais problemas do setor, pois os produtos clandestinos são vendidos a preços bem mais baixos, tirando mercado das empresas formalizadas.
A simplificação tributária é outra bandeira da associação, que pleiteia alíquotas comuns de ICMS (Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Responsáveis pela economia de até 78% de água e redução de até 71% de emissão de gás carbônico, segundo dados das empresas do setor, os produtos concentrados e compactos são considerados uma tendência, mas precisam de padronização.
Fonte: Valor Econômico
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