Consumidor pesquisa e troca marcas para pagar menos na cesta básica

Não é apenas a renda ou a dependência maior de um ou outro serviço que faz diferença na percepção individual da inflação. O economista André Chagas, que coordena o IPCFipe (Índice de Preços ao Consumidor), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, lembra que outro elemento que desvirtua a inflação pessoal da inflação média é a disposição do consumidor em pesquisar preços e substituir ou abandonar marcas e produtos que estejam mais caros.

Com base em diferentes índices de preços nos últimos anos, a Fipe chegou à conclusão de que, por não considerar a possibilidade de substituição, os índices de referência superestimam a inflação em 0,6 ponto por ano, em média. Isso significa que, se o IPCA foi 6,4% no ano passado, para uma pessoa que deixou de comprar tomate ou passou a ir menos vezes ao cinema, por exemplo, ela pode ter sido de 5,8%. “As fórmulas não consideram que o consumidor substitua produtos ou comprem menos de alguma coisa”, diz. “Então, sim, é possível, como é na verdade muito provável, que o consumidor mais atento tenha inflação menor”.

Levamento feito pela Fipe mostrou que, em janeiro, dentro de uma mesma região da cidade de São Paulo, o valor para adquirir uma cesta básica pode ficar até 43% menor caso o consumidor garimpe opções mais baratas pelo bairro. É o caso da zona norte da capital, onde a cesta mais cara custaria R$ 511 e, a mais econômica, R$ 287,53. O preço médio na região era de R$ 382,09. O levantamento foi feito para uma cesta fixa, de 44 produtos, sempre da mesma marca, pesquisados em 88 mercados da capital e divididos em cinco regiões. Coxão mole, leite longa vida, alface e creme dental são alguns dos produtos. A cesta mais em conta reúne a versão mais barata encontrada de cada produto entre todas os mercados da região, e o mesmo, na outra ponta, para a cesta mais cara. É uma situação extrema e mais hipotética do que real, já que exigiria que o consumidor fizesse suas compras em três ou quatro lojas diferentes, mesmo que próximas.

Chagas destaca ainda que o levantamento não capta outras fontes de inflação, como custos diferentes por conta de aluguel mais caro ou serviço melhor. “Mas ir a diferentes locais, pesquisar diferentes marcas, ainda mais em um momento de aumento de preços, pode ser uma forma de escapar um pouco”.

Fonte: Valor Econômico

By | 2017-05-27T20:32:56-03:00 04 fevereiro, 2015|Categories: Comportamento do consumidor, Marca, Pesquisas|Tags: , |0 Comments

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Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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