Derrota do Brasil na Copa pouco importa na intenção do consumo

A influência da derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1, na semifinal da Copa do Mundo, sobre a confiança do consumidor e na sua intenção de consumo divide as opiniões dos especialistas, mas mesmo os que acreditam que ela vai pesar de forma negativa, avaliam que isso seja um efeito que deve durar pouco. “Tirando o curtíssimo prazo, o que importa não é o resultado em campo”, diz Fábio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio). “O que realmente interessa para elas é como irão se comportar sua renda e o seu emprego”, destacou. A má notícia é que tanto o consumo como a confiança já vinham enfraquecendo e continuarão em linha descendente, diz Bentes.

As sondagens da CNC quanto à segurança dos consumidores em relação a seu emprego e a sua renda estão 3,5% e 2,4% menores, respectivamente, em junho deste ano em relação a junho do ano passado, embora ainda em terreno otimista. Já o crédito começou o ano bem mais caro e a inflação continua pressionada.

O economista do Ibre-FGV Gabriel Leal de Barros diz que há questões de fundo mais fortes que impactam a confiança dos agentes econômicos do que o fato de o País sair da Copa do Mundo perdendo por uma goleada para a Alemanha. Segundo ele, problemas como uma inflação mais alta, o baixo crescimento e a deterioração fiscal do País, por exemplo, são elementos mais importantes para afetar o nível de confiança.

Há analistas que são mais enfáticos e acham que os ânimos devem sair abalados no curto prazo, após a derrota da seleção, especialmente em um momento em que já havia deterioração da confiança. “A Copa acabou da pior forma possível”, afirma José Marcio Camargo, economista da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-Rio, e no clima atual, a intenção de compra tende a diminuir. No médio prazo, outros fatores de incerteza, como as eleições e o risco de racionamento de energia, devem continuar a pesar sobre consumidores e empresários.

“Claro que a derrota cria um certo pessimismo, mas isso é um grão de areia na praia de Copacabana“, disse Bentes, da CNC. “O brasileiro não iria consumir desenfreadamente se o Brasil fosse campeão. A sua renda não ia permitir.”

Fonte: Valor Econômico

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Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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