A chegada da SSP Group – The Food Travel Experts ao Brasil, em parceria com a Duty Free Americas – DFA, tema que abordei em recente entrevista e que gerou alguma discussão na minha rede de contatos, me impulsionou a falar sobre os serviços de alimentação nos aeroportos. Algumas perguntas que recebi: por que eles estão vindo? Esse setor é viável? Há espaço para mais um player?
Então, para apoiar meu raciocínio, divido com você aqui alguns dados e reflexões. No ano da Copa do Brasil, em 2014, foi feita talvez uma das mais completas e ambiciosas pesquisas sobre os hábitos dos passageiros de aeroportos brasileiros. Em pesquisa contratada pela Secretaria Nacional de Aviação Civil, foram contemplados 65 aeroportos que representam 98% dos passageiros do país, ou seja, uma cobertura excepcional. Esses aeroportos foram visitados por 250 pesquisadores do Instituto Olhar, que falaram com 150 mil pessoas, e, a partir de métricas bem desenhadas, estabeleceram o perfil dos passageiros e seus hábitos.
Nesse período, você se lembrará, muitos aeroportos ainda não tinham suas obras concluídas. Em 2016 vieram as Olimpíadas e houveram avanços na conclusão das obras, mas, em meio a um misto de euforia pelos jogos olímpicos e pressão pela crise, ocorreram sobressaltos no fluxo de pessoas. De qualquer forma, nos 10 anos que antecederam a pesquisa, voar se tornou mais barato e palatável para os brasileiros e passou a fazer parte não só do hábito das classes A e B, mas também das classes C e D.
A pesquisa apontou dois dados bastante importantes: 45% do fluxo total de pessoas que voam no Brasil vêm para a Região Sudeste. Sendo que só São Paulo representa 24,7% do total nacional. A partir daqui, faço em recorte para o aeroporto de Guarulhos, somente para ser mais específica e pela representatividade do mesmo.
No gráfico 1, é possível observar a redução de fluxo nos anos entre 2015 e 2017, porém, mesmo com a redução, o volume de pessoas é excepcional.
Somando-se a representatividade do número e retomando os dados da pesquisa citada inicialmente, quando o destino são voos nacionais, 40,5% dos pesquisados fizeram compras e desses, 83,7% gastaram até R$ 49. Para quem seguia para voos internacionais, 59,8% fizeram compras e desses, 60% gastaram pelo menos R$ 49.
Considerando o ticket médio dos negócios de foodservice entende-se que grande parte desse potencial é abocanhado pelo setor. E cerca de 42 milhões de pessoas circulando (só em Guarulhos) não é pouca coisa não… A Secretaria Nacional de Aviação Civil projeta que em 2034 serão 600 milhões de passageiros por ano circulando nos aeroportos do Brasil.
O setor de aeroportos passa por grandes transformações, empresas com forte experiência internacional assumem a gestão a partir de contratos de concessão e isso realmente volta a tornar o setor atrativo para grupos internacionais como a SSP e fortalece a visão de oportunidade para as empresas brasileiras que já operam por aqui.
Mas nem tudo são flores. Atuar em aeroportos é extremamente complexo e desafiador. Trabalho exaustivo, docas distantes, alta complexidade devido aos rigorosos padrões de segurança, fiscalizações, custos para implantação e aluguéis elevados, Service Level Agreement (acordo de nível de serviço) rigoroso entre as partes (concessionários e operadores) e consumidores extremamente exigentes e implacáveis em sua expectativa de qualidade de produtos, serviços e tempo de atendimento. É um jogo para fortes e competentes. Então, creio que finalizo com a certeza de que respondi as perguntas: por que eles estão vindo? Esse setor é viável? Há espaço para mais um player?
Por: Mercado & Consumo
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