Estudo da GfK e a Consumidor Moderno mostra como os consumidores enxergam a relação das marcas com o meio ambiente.
Com tanta discussão no mundo corporativo, é quase impossível que você nunca tenha ouvido falar sobre o ESG — sigla para “Environment, Social and Governance” ou, em português, Meio Ambiente, Sociedade e Governança — e como as empresas tem se relacionado com essas três letras nos últimos anos, especialmente em relação à consciência ambiental.
De fato, há marcas que se sobressaem às outras, porque pensar o ESG vai além da sustentabilidade, envolve uma estratégia completa em todos os processos de uma companhia. E o consumidor de hoje já não é mais tão relapso com aquilo que consome: 71% deles em todo o mundo dizem que é importante as empresas tomarem ações ambientalmente responsáveis. No Brasil, no entanto, essa preocupação é ainda maior, são 83% dos brasileiros que acreditam que essa importância de contribuir para o planeta deve vir por parte das marcas.
Os dados fazem parte da nova pesquisa da GfK, realizada em parceria com a Consumidor Moderno, que traz alguns comportamentos do “consumidor verde” e um ranking das empresas com maior conscientização ambiental.
“Os consumidores misturam a questão de Sustentabilidade não apenas com ações ligadas ao meio ambiente, mas também com Inclusão. O conceito de ‘ESG’ tem, de fato, ressonância na cabeça do brasileiro atualmente”, argumenta Felipe Mendes, CEO da GfK na América Latina.
Metodologia do estudo
A importância do estudo é sem igual, pela primeira vez foi possível mensurar a percepção do consumidor brasileiro acerca da agenda ESG para as empresas do País. A pesquisa, que é um recorte exclusivo e inédito, revelou dados importantes. Foram 504 pessoas entrevistadas através de painel on-line.
O Índice de Conscientização Ambiental realizou os rankings com base em oito critérios. É necessário ser uma empresa preocupada com as mudanças climáticas e o aquecimento global; atenta à conservação de recursos no processo de produção; que inspira o consumo ecologicamente responsável; possui transparência sobre seus materiais, ingredientes e/ou segurança; aborda outras questões sociais relacionadas à diversidade e desigualdade; preocupada com a redução da poluição do ar/água; que utiliza e/ou se preocupa com as fontes de energia renováveis e é inclusiva e acessível para todos.
A partir dos resultados, foi possível estabelecer oito segmentos do mercado entre as empresas elencadas às frases: Bancos Digitais, Bancos Tradicionais, Eletrodomésticos, Eletroeletrônicos, E-commerce e Marketplaces, Varejos Especializados em Eletros, Varejos de Material de Construção e Indústria de Alimentos.
Cada correspondente ranqueou a importância de oito comportamentos e os atribuiu às marcas mais associadas a eles, dentro desses oito segmentos. O resultado mostrou, além dos dois mais valorizados aspectos para cada categoria, os cinco pilares mais importantes na visão dos consumidores brasileiros: transparência, conservação de recursos, mudanças climáticas, inclusão e acessibilidade e consumo eco responsável.
“Este estudo demonstrou que os consumidores identificam claramente o que buscam em cada segmento. Para as empresas de Alimentos, por exemplo, eles buscam aquelas que valorizam a transparência e a conservação de recursos. Já em Eletroeletrônicos, valorizam o consumo eco responsável e atenção às mudanças climáticas”, explica Mendes.
O resultado do estudo destacou sete empresas vencedoras nas oito categorias, de acordo com a consciência ambiental.
Entre elas, cada uma desenvolveu ações que as levaram ao pódio. Confira as melhores práticas das vencedoras do ranking por categoria:
Bancos Digitais – Nubank
O Nubank, por exemplo, destacou-se pelo posicionamento do impacto com a sociedade. “Temos como posicionamento o Nu Impacto, que contempla todos os esforços da área de ESG e tem o objetivo de estimular a geração de valor compartilhado e impacto positivo nas comunidades onde estamos presentes. Todas as verticais são extremamente importantes e, como também são complementares, temos ações voltadas para cada uma delas”, explica Christianne Canavero, diretora de ESG do Nubank.
Ela destaca, ainda, que a inclusão social é uma das principais lutas do banco. “Acreditamos no poder de devolver às pessoas o controle sobre o seu dinheiro, desenvolver produtos financeiros simples e fáceis de usar. O resultado disso é que incluímos cerca de 4 milhões de pessoas no sistema financeiro até junho de 2021, de acordo com estudo da BSD Consulting”, aponta. “Outro pilar importante para nós é a construção de times fortes e diversos. É preciso ter comprometimento e trabalhar todos os dias para criar um ambiente mais plural e inclusivo. Hoje, 56% das posições de liderança no Nubank são ocupadas por pessoas de grupos sub-representados”, conclui a executiva.
O Nubank também declarou que conseguiram compensar em 100% a pegada de carbono por meio do investimento em projetos socioambientais que geram créditos de CO2.
Indústria de alimentos – Nestlé
A Nestlé foi umas empresas que esteve muitíssimo atenta à compensação de embalagens e do meio ambiente para todas as suas produções. Baseada nisso, a agenda ESG da empresa foi pautada em três pilares ambientais:
“A agricultura regenerativa das nossas matérias-primas, a circularidade das nossas embalagens e operações e a bioeconomia como forma de inovação de produtos e modelos de negócios. Na agenda social, temos um grande foco no tema de diversidade e inclusão, entendendo que a Nestlé deve ser um espelho da sociedade brasileira com os seus desafios e oportunidades. E na agenda de governança, buscamos evoluir nossos processos de forma a inserir a sustentabilidade ambiental e social no modelo de gestão e perpetuidade do negócio”, explica Fábio Spinelli, diretor de planejamento estratégico, M&A e Sustentabilidade da Nestlé Brasil.
A indústria trabalha com inúmeros programas e iniciativas, entre eles o Cultivado com Respeito, Nestlé Ccocoa Plan e o Programa de Práticas Sustentáveis, voltados à agricultura regenerativa nas cadeias de fornecimento para café, cacau e leite respectivamente.
“O Como programas em fase inicial, posso destacar uma novidade recente que é a parceria entre Nestlé e Embrapa para desenvolver o primeiro protocolo nacional para uma pecuária de leite de baixo carbono, incluindo orientações a produtores e a criação de uma calculadora para o balanço de carbono equivalente das propriedades leiteiras em diferentes biomas e sistemas de produção”, apresenta o executivo. “O nosso objetivo de termos algumas de nossas marcas mais icônicas neutras em carbono, dando aos consumidores a oportunidade de contribuir com a luta contra as mudanças climáticas, como anunciaram KitKat, Nespresso e Nescafé”.
Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos – Samsung
Vencedora em duas categorias, a Samsung obteve um tremendo destaque para sustentabilidade, relacionado sobretudo ao uso e descarte de seus produtos. “Trabalhamos para garantir que estamos gerenciando com responsabilidade os impactos do nosso negócio”, explica Mario Laffite, vice-presidente de Relações Institucionais da Samsung para América Latina.
Em prol da sociedade, a Samsung trabalha por meio da Cidadania Corporativa, com transformações de efeito positivo para a sociedade por meio de programas que visam contribuir para uma educação de qualidade. “Acreditamos que a democratização da tecnologia é um fator crucial para tornar realidade projetos criados por jovens, ampliar as suas narrativas, reduzir as distâncias entre as pessoas no mundo e mobilizar a liderança de jovens ativistas”, explica o executivo.
A empresa atua também com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU): “Para dar ainda mais voz a esses agentes da transformação, em outubro de 2020, a Samsung lançou o Generation17: uma iniciativa global que conta com parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e que tem o objetivo de acelerar os avanços em andamento e impulsionar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU”, completa Laffitte.
E-commerce geral – Natura
Bem conhecida por suas ações em prol do meio ambiente e da sociedade, a Natura tem se destacado muito nos últimos anos por tornar a sustentabilidade em um elo de conexão com o consumidor. A empresa também investe em três causas, definidas pelas escolhas dos temas prioritários pelos quais trabalham:
“As três causas são: Amazônia Viva, reflexo da longa história de mais de 20 anos da Natura com a floresta e os povos que vivem nela, que busca garantir a conservação do bioma, o desenvolvimento socioeconômico das populações locais, a regeneração ambiental, a extração sustentável de ingredientes e o combate ao desmatamento ilegal; Mais Beleza Menos Lixo, por meio da qual visamos reduzir o impacto da produção de resíduos no meio ambiente com iniciativas de logística reversa, reciclagem e ecodesign de embalagens; e Cada Pessoa Importa, que é voltada para a promoção da educação, geração de renda e da diversidade, incluindo a equidade de gênero e a inclusão étnico-racial, de pessoas com deficiência e da população LGBTQIA+”, explica Fernanda Rol, diretora de Marketing da Natura Brasil.
Ela aponta, ainda, que a Natura está comprometida à agenda ESG em todos os processos que idealiza. “A sigla ESG está cada vez mais difundida, principalmente entre os investidores e a sociedade já enxerga a importância das empresas que conciliarem lucro com desenvolvimento socioambiental e econômico. Na Natura, o comprometimento com o ambiente, com o bem-estar social de nossa rede e com boas práticas empresariais é algo que permeia toda a nossa história”.
Varejo especializado em eletro – Magazine Luiza
Para a Magazine Luiza, vencedora dessa categoria, o principal destaque foram as ações sociais promovidas pela companhia. “A missão da companhia com suas bandeiras é reduzir desigualdades e empoderar mulheres e negros para que eles galguem degraus importantes no mercado de trabalho”, explica Ana Luiza Herzog, gerente de reputação e sustentabilidade da companhia.
Uma das pautas importantes para a companhia está atrelada a luta pela igualdade de gênero. “Em relação à violência doméstica, por exemplo, é importante ressaltar que os casos acontecem em todas as classes sociais, das mais baixas às mais abastadas. Daí a importância de promovermos uma conscientização geral sobre o tema”, explica a executiva. “As ações de combate à violência doméstica, por exemplo, começaram há quatro anos, após o feminicídio de uma colaboradora. Desde então, criamos um Canal da Mulher, que conta com um botão de denúncia no superapp, entre outras funcionalidades. Há também um fundo para financiar entidades que lidam com o tema em todo o Brasil”.
A corporação também deu início ao Luiza Code, um projeto de capacitação de mulheres para uma carreira em tecnologia e lançou um programa de logística reversa e reciclagem de eletroeletrônicos e eletrodomésticos.
Varejo de materiais de construção – Leroy Merlin
Um dos pontos fortes da agenda de ESG da Leroy Merlin é definitivamente o cuidado com o meio ambiente. Seja nos próprios produtos ou nas ações internas, a empresa vem avançando cada vez mais para contribuir com o planeta.
“Em 2008 a empresa criou o Comitê de Sustentabilidade Estratégico, com integrantes que representam cada uma de suas diretorias e norteiam as ações de acordo com a necessidade e relevância para o entorno de suas lojas, buscando o desenvolvimento social, a proteção do meio ambiente e gerando valor ao nosso negócio”, explica Andressa Borba, Diretora de Desenvolvimento Responsável da empresa.
De acordo com a executiva, a Leroy Merlin hoje atua com produtos responsáveis, alta qualidade ambiental dos edifícios — por meio da Certificação Aqua-HQE —, economia circular, Projeto Papel Pintor e Postera, além de reduzir a pegada de carbono, gerir os resíduos e usar energia limpa. “A LEROY MERLIN cresceu com a sustentabilidade em seu DNA e, ao longo dos anos, foi desenvolvendo mais iniciativas e metas concretas. Em 2020, por exemplo, a companhia deu um passo muito importante e reorganizou sua estrutura, criou uma diretoria global de Sustentabilidade e no Brasil criou a Diretoria de Desenvolvimento Responsável e Comunicação Corporativa”, conclui Borba.
Bancos Tradicionais – Banco do Brasil
Para essa categoria, o Banco do Brasil foi um entre os demais bancos tradicionais que mais se posicionou para o meio ambiente — na visão dos consumidores. “A sustentabilidade faz parte da Estratégia Corporativa do Banco do Brasil e integra o conjunto de políticas da nossa empresa. Para mobilizarmos o Banco em torno do tema e nos mantermos alinhados às melhores práticas mundiais e às demandas de um mercado cada vez mais exigente, temos um plano de sustentabilidade desde 2005, denominado Agenda 30 BB”, explica o vice-presidente de Governo e Sustentabilidade Empresarial do Banco do Brasil, Antônio José Barreto de Araújo Júnior.
Ele destaca, ainda, que até 2030 haverá uma série de projetos para que a empresa se torne ainda mais verde. “No ano de 2021, avançamos ainda mais no nosso comprometimento com um futuro sustentável e lançamos os 10 Compromissos de Longo Prazo em Sustentabilidade, estruturados nos eixos Negócios Sustentáveis, Investimento Responsável e Gestão ASG, com metas a serem implementadas até 2030. Esses 10 Compromissos buscam, dentre outros objetivos, que o Banco auxilie nossos clientes na transição para um portfólio mais sustentável e gere cada vez mais valor para a sociedade”, conclui.
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