O consumidor moderno está mais informado que nunca: a importância ética na cadeia de suprimentos

Até que ponto a pandemia afetou a cadeira de produção e a forma como as pessoas se relacionam com as empresas? Já se sabe que o consumidor anda mais exigente e, assim, mais informado também: segundo estudo da GfK, 71% dos consumidores em todo o mundo dizem que é importante que as empresas tomem ações ambientalmente responsáveis e se preocupam com a sustentabilidade antes de comprarem algo.

Mas, há uma atenção com o processo como um todo ou apenas na chegada do produto às mãos do consumidor? Ao que parece, a importância da sustentabilidade vem, na verdade, incrustada em todo o processo. E há uma expressiva preocupação com a ética na cadeira de suprimentos.

Segundo pesquisa global Open Text, enviada com exclusividade à Consumidor Moderno, a preocupação com a ética na logística dos suprimentos já é uma realidade evidente: 77,9% dos consumidores priorizam a compra de empresas que deixaram claro que possuem estratégias de abastecimento ético em vigor. Além disso, 81% dos entrevistados afirmam que a compra de produtos produzidos de maneira ética é importante.

Um cliente com sede de informação

O estudo — realizado com base nos consumidores do Reino Unido, Alemanha, França, Espanha, Brasil, Itália, Estados UnidosCanadá, Singapura, Austrália, Japão e Índia — ressalta uma tendência já bastante frequente, de que os consumidores têm se informado a respeito de todas as etapas de produção antes de adquirirem qualquer produto e optam, comprovadamente, por empresas que não apenas tenham seus processos éticos, como também os deixem transparentes.

Em um período no qual é cada vez mais fácil de se encontrar informações sobre a cadeia de suprimentos, basta uma simples pesquisa no Google ou buscar pelos influenciadores digitais, fica cada vez mais essencial que as empresas compartilhem com o consumidor todos os processos de maneira honesta, transparente e clara.

Conforme consta no estudo, com o aumento do e-commerce, 67,8% dos entrevistados priorizaram a compra de empresas que deixaram claro que possuem estratégias éticas de abastecimento. E 83,2% deles estão dispostos a gastar mais em um produto quando sabem que ele foi produzido de forma ética, sendo 17,1% dispostos a gastar até 50% mais do que o valor comum de mercado.

É um fato: o consumidor já enxerga que é função da empresa fornecer produtos com especificações transparentes. 84,6% dos entrevistados da pesquisa destacam que é responsabilidade dos varejos eletrônicos marcar com clareza se os produtos são ou não produzidos de forma ética.

Assim, quem investe em uma comunicação mais eficiente, clara e assertiva com seus clientes sai, indiscutivelmente, à frente na competição. Mas vale destacar que a veracidade das informações é levada à sério: os consumidores estão mais que dispostos a procurar pelo passado das empresas, assim como sobre a cadeia completa de produção envolvida no produto. Uma série de pesquisadores e influencers relacionados ao meio ambiente também estão atentos — e dispostos a divulgar as descobertas a sua grande base de seguidores.

A conscientização da sustentabilidade individual

De acordo com a pesquisa, 56,2% dos entrevistados fazem certo esforço consciente ao comprar online e dá preferência aos produtos que foram adquiridos e/ou produzidos localmente, uma maneira de apoiar as empresas locais e, consequentemente, reduzir a pegada de carbono. Da mesma forma, 33,8% dos consumidores não iriam além de 30 minutos de viagem para ir atrás de um produto.

A pandemia, em consenso, também fez bater à porta do consumidor moderno que é a hora de se conscientizar sobre as ações individuais ao meio ambiente. 60,9% ficaram mais cientes do impacto do próprio desperdício, seja ele da quantidade de material que recicla ou da água utilizada, durante o período de isolamento. E 57,7% deles também destacam que a covid-19 os fez mais conscientes sobre onde compram seus produtos, bem como o impacto da compra na sociedade e no meio ambiente.

É claro que a conscientização pessoal tem um grande impacto na cadeia de consumo, e as pessoas estão mais que dispostas a fazerem sua parte para a preservação do planeta, mas os consumidores também estão bem mais atentos a quem eles enxergam como o principal agente de transformação no processo. O estudo mostra que 70,7% dos entrevistados destacam que as empresas têm a responsabilidade de garantir que seus fornecedores cumpram um código de conduta ética. E as veem, também, como responsáveis pela preservação e reais agentes de transformação, uma vez que são elas que utilizam a matéria-prima do planeta em maior escala.

Vale destacar, também, que as pessoas estão mais atentas à economia circular em todo o processo, dado que 59,3% priorizam a compra de marcas que incorporam algum aspecto da desse tipo de economia em seus processos.

O consumidor é exigente, mas capaz de dar segundas chances

Ainda que os clientes hoje se mostrem extremamente preocupados com a cadeia de processos na hora de comprar um produto, baseado na sustentabilidade e na responsabilidade ética para com o planeta e as pessoas, um importante dado da pesquisa salta aos olhos: 53,3% dos consumidores — sendo 26,9% deles com menos frequência — estão dispostos a comprar na mesma marca, ainda que ela seja acusada de trabalhar com fornecedores antiéticos, como, por exemplo, usando trabalho escravo ou infantil. O principal motivo, nota-se, é a capacidade de reparação do erro.

No entanto, ainda que um cliente se mostre disposto a dar uma segunda chance à marca, uma parte considerável deles já enxerga a primeira acusação como mandatória para bloqueio da empresa: 46,7% deles não comprariam novamente após a denúncia e procurariam por alternativas mais engajadas na responsabilidade ética e social.

Por: Consumidor Moderno

By | 2022-01-02T07:53:29-03:00 06 dezembro, 2021|Categories: Estratégia|Tags: , , |0 Comments

About the Author:

Mestre em Economia, especialização em gestão financeira e controladoria, além de MBA em Marketing. Experiência focada em gestão de inteligência competitiva, trade marketing e risco de crédito. Focado no desenvolvimento de estudos de cenários para a tomada de decisão em nível estratégico. Vivência internacional e fluência em inglês e espanhol. Autor do livro: Por Que Me Endivido? - Dicas para entender o endividamento e sair dele.

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